segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que leva tantas pessoas a se tornarem Testemunhas de Jeová


Este foi a pergunta feita por alguns clérigos, como mostrado pelas seguintes citações.

Por exemplo, em Bolonha, Itália, as autoridades eclesiásticas, com a aprovação do papa, realizaram uma conferência para discutir maneiras de combater o sucesso das Testemunhas de Jeová. A Igreja Católica levantou um “grito de alarme”, segundo o jornal La Repubblica, porque a cada ano dez mil católicos tornam-se Testemunhas de Jeová.

O Jesuíta Giuseppe De Rosa disse que “do ponto de vista religioso os mais perigosos são as Testemunhas de Jeová. Eles vêm completamente treinados, e têm sempre a Bíblia na mão.”

Em um artigo que trata especificamente das Testemunhas de Jeová, a revista jesuíta La Civiltà Cattolica disse:

“A primeira razão para a disseminação deste movimento são as técnicas de propaganda técnicas [isto é, na pregação]. Por um lado, o trabalho é minucioso, realizado de casa em casa por pessoas que são escrupulosamente treinadas neste trabalho, e estão profundamente convencidos [...]“

“A segunda razão para o sucesso das TJs é a força de atração da mensagem de Jeová, porque pode satisfazer as necessidades, demandas e expectativas do povo do nosso tempo. Em primeiro lugar, responde à necessidade de certeza, que é muito apreciado num momento em que tudo é incerto e instável. [...] Acima de tudo, é uma revelação absolutamente segura do futuro e, portanto, todos os que a aceitaram, experimentam libertação do medo e da ansiedade e podem enfrentar o futuro com alegria, com a garantia de que sobreviverão à destruição que virá no grande dia de julgamento de Deus sobre um mundo perverso, para viverem em eterna felicidade na Terra. Em segundo lugar, a mensagem de Jeová ajuda a superar a preocupação do indivíduo contra os ais deste mundo, anuncia que em breve findará a situação insuportável de hoje e, em breve, por isso, haverá uma nova era, nascerá um novo mundo no qual serão removidos todos os ímpios que agora triunfam. [...]“

“A terceira razão para o sucesso das TJs é que esse movimento dá aos seus membros uma identidade precisa e forte, e é um lugar onde eles foram recebidos com calor e um sentimento de fraternidade e de solidariedade.”

O documento do Vaticano analisou as necessidades das pessoas na atualidade, e as citações acima da revista jesuíta La Civiltà Cattolica mostraram que a mensagem das Testemunhas de Jeová satisfazem essas necessidades. Isto também mostrou o escritor católico Vittorio Messori no seu recente livro Scommesse sulla morte (uma aposta sobre a morte), que escreve:

“Faz-nos pensar que uma destas seitas apocalípticas, as Testemunhas de Jeová, é uma das confissões religiosas de mais rápido crescimento no mundo. Está entre as religiões que são praticadas em muitos países e, talvez [...] esteja em primeiro lugar em termos de fervor, zelo, ativismo, a capacidade de fazer prosélitos “.

“E a sua presença, cada vez mais acentuada, não se limita aos países de tradição cristã, mas alcançando o mundo inteiro, onde, em nome de Jeová, e em pouco tempo, obtêm resultados que são superiores aos dos missionários católicos, protestantes e ortodoxos, que têm trabalhado ao longo dos séculos.”

“Esta impressionante força expansiva se faz incompreensível somente para aqueles que simplesmente não querem admitir que [...] evidentemente no modo como entendem a Bíblia, as Testemunhas de Jeová satisfazem as necessidades reais que outras teologias não satisfazem”.

“Você não pode contornar a questão sugerindo que o crescimento das testemunhas se dá porque elas assustam as pessoas. É precisamente o oposto: ao contrário das igrejas “oficiais”, negam a existência do inferno e pregam a destruição, o desaparecimento após a morte para os ímpios e incrédulos. Talvez esta seja uma perspectiva desagradável, mas certamente menos assustador do que a ameaça de uma terrível dor por toda a eternidade. “

Sim, o Deus das Testemunhas de Jeová é um Deus amoroso, e não um que aterroriza o povo.

A citação seguinte é da revista católica Mondo ERRE de Março de 1986:

“É preciso dizer que as Testemunhas de Jeová são os primeiros a viver a fé que pregam: Não se iram, não fumam, não acumulam riquezas, se mantêm fora das discussões políticas, [...] pagam impostos. Eles vivem uma vida virtuosa e honesta, eles são felizes e úteis. Tudo isso tem feito com que as pessoas os apreciam”

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sistemas Digitais em Diagnóstico por Imagem


Estamos vivendo a terceira era da radiologia. Com esta afirmação o dr. David Channin , chefe do Departamento de Informática Médica do Departamento de Radiologia da Nortwestern University Medical School de Chicago descreveu o estágio em que nos encontramos hoje dentro do setor de radiodiagnóstico.
A primeira era vai desde a descoberta dos RX até aproximadamente a II Guerra Mundial e pode ser considerada legendária. É conhecida como "radiology information systems (RIS) e nada mais é do que o sistema de administração de um serviço de diagnostico pôr imagem , com manipulação das imagens através das técnicas conhecidas , revelação de filmes planos , uso de processadoras convencionais etc...

A Segunda , define Chanin ,compreendida entre a II Guerra Mundial e Incidente em New York , é a era das modalidades radiológicas onde imperou e impera o surgimento do conceito do PACS ( Picture Arquives and Communication Systems ) e que , segundo Channin ,se aproxima do seu final.
Esta nova era na qual estamos adentrando , trata da convergência destes métodos , associados ao conceitos de grandes redes se conectando , com a disponibilização dos dados de imagem para centros distantes de onde as mesmas são produzidas , integrados pelos sistemas de informação hospitalar e clínica ( HIS e CIS respectivamente).

O florescimento ou degeneração do setor de imagem dependerá , desde então ,da capacidade em administrar e gerenciar a disponibilização das imagens que conseguiremos produzir.

De fato, como lembra o médico , estamos já no 4o ano do processo conhecido como IHE ( Integrating the Healthcare Enterprise) , que segundo este especialista define o "modus operandi" da futura radiologia e é estratégico na incorporação das novas tecnologias.

A associação do desenvolvimento dos equipamentos , os novos conhecimento gerados em radiodiagnóstico , a evolução dos sistemas de informática e internet, criam uma nova perspectiva e estabelecem novos paradigmas para a especialidade.

Dentro deste processo a radiologia brasileira engatinha. O contato que a maior parte dos profissionais médicos de imagem têm com esta realidade futura em nosso País , são as workstations de alguns equipamentos de CT e RM , com maior ou menor capacidade de gerenciamento de imagens e as reconstruções em 3D ainda surpreendem alguns ( até as de má qualidade). Pôr isso mesmo , justifica-se o estudo acurado destas novas tendências e a divulgação das mesmas em nosso meio .

Sempre houve entre os profissionais que operam equipamentos de Ultra-som , Ressonância e Tomografia uma intuição de que a digitalização seria o próximo, passo. Como fazer ? - a pergunta esta cada vez mais presente em todas as clínicas de imagem do País que antevêem uma nova necessidade estabelecida pelos profissionais que solicitam exames , com benefícios inegáveis ao diagnóstico para maior parte das patologias.

Para entender estes processo é preciso conceituar alguns sistemas e mecanismos desenvolvidos específicamente para este fim qual seja digitalização , armazenamento e distribuição de imagens em radiodiagnóstico.

Dentro desta ótica é que surgiram os PACS ( Picture Archiving and Comunication System). Os PACS não são recentes; existem há mais de 20 anos e têm sido utilizados em larga escala nos centros médicos dos países mais desenvolvidos. Trata-se de um sistema de arquivamento e comunicação voltado para o diagnóstico pôr imagem que permite o pronto acesso , em qualquer setor do hospital ou clinica , de imagens médicas em formato digital , de acordo com alguns autores , podendo ser dividida em quatro subsistemas : setor de aquisição de imagens , exibição , disponibilização e armazenamento . Na verdade o terceiro sub-sistema - disponibilização - compreende um outro menor , porém, não menos importante que é o da distribuição das imagens produzidas.

Os PACS foram criados originalmente para serem utilizados dentro de uma estrutura hospitalar sem preocupação específica com a disponibilização das imagens para a clientela externa ao Hospital ou Serviço. Entretanto , como evolução natural e revolucionária , temos o PACS Internet que estabelece essa conexão utilizando-se dos recursos web.


* Para descrição do PACS recorremos ao artigo publicado pelo Engenheiro Paulo Azevedo na Revista de Radiologia Brasileira de jul/ag 2001 (págs. 221-224) falando sobre a implantação de um Mini-PACS no Hospital Universitário da USP de Ribeirão Preto.


Formas de Aquisição de Imagens

Segundo dados disponíveis , apesar do incremento acentuado no uso de modalidades de imagens que permitem a realização de cortes seccionais , tais como Tomografia Computadorizada ( CT ) , ultra-som , (US ) e a Ressonância Magnética (RM), as quais em geral já produzem as imagens em formato digitalizado , os exames de radiologia convencional ainda são maioria: cerca de 70 % tanto no Brasil como no exterior.

Este fato pode constituir-se num obstáculo importante para implantação de um PACS ou MiniPACS numa estrutura hospitalar , pois eventualmente o custo de digitalização das imagens geradas de forma convencional possam interferir como fator negativo no desenvolvimento do projeto.

Para que as imagens possam ser de fato digitalizadas existem duas formas básicas de aquisição : uma e utilização de sistema convencional tela/filme e a posterior digitalização da imagem pôr intermédio de um "scanner".
Existem muitos tipos de aparelhos digitalizadores de filmes, incluindo sistemas com CCD ( "charge-couple devices") e varredura pôr feixe de "laser". Tais digitalizadores podem ser introduzidos sem grandes alterações na rotina do serviços , possibilitando , segundo Azevedo uma transição suave para um sistema baseado em imagem digital. Ressalta limitações importantes neste sistema : não há redução do tempo ou trabalho , continuam existindo problemas de sobre e sub exposição e acrescenta-se ainda maior risco de erros associados à digitalização. Ainda ; o custo da implantação do equipamento sem economia correspondente em outros setores..

A outra solução mencionada pelo pesquisador seria a utilização de sistemas de radiografia computadorizada ( "computed radiography" - CR ), introduzidos em 1983 pela Companhia Fuji ( Kanagawa , Japão ) , que oferecem uma alternativa ao uso dos sistemas tela/filme e "scanner". Nesses sistemas as imagens digitais são diretamente produzidas em uma placa de imagem à base de fósforo ( "imaging plate") , podendo na seqüência , serem visibilizadas em monitores ou convertidas para imagens analógicas em filme pôr uma processadora "laser". Os sistemas CR são compatíveis com a maioria dos sistemas de RX fixos e portáteis , possuindo latitude de exposição bastante larga. Isso resulta em imagens com densidade adequada em uma faixa de níveis de exposição ampla, eliminando os problemas de sobre exposição e sub exposição das imagens.


Disponibilização e Distribuição das Imagens

A outra questão importante do PACS refere-se a como disponibilizar as mesmas ao restante do sistema. Refere-se basicamente ao "problema de mover uma imagem e seus dados associados de uma localização para outra ". As imagens , num PACS , devem ser transferidas do local de aquisição , ou do sistema de armazenamento ( banco de dados e imagens) , para a estação de visibilização.

Nos primeiros sistemas de imagem baseados em computador ( TC e RM , pôr exemplo ) , o problema da distribuição de imagens era particularmente irrelevante ou estava atrelado a soluções especificas formatadas pôr cada fabricante. Com a implantação generalizada de redes de computadores ficou evidente a necessidade de uniformização da metodologia de transferência.

Em meados dos anos 70 , um comitê coordenado pelo ACR - American College of Radiology e pela NEMA - National Eletrical Manufactures Association - , iniciou trabalhos voltados para esta padronização. Atualmente utiliza-se a versão 3.0 do modelo ACR - NEMA , mais conhecido como DICOM ( "Digital Imaging and Communication in Medicine) e , praticamente todos os fabricantes voltaram-se para desenvolvimento de sistemas baseados neste modêlo..


Apresentação e exibição das imagens

A principal característica requerida pôr uma estação de apresentação ( ou exibição) de imagens -,as conhecidas "workstations"e a capacidade de recuperar imagens de forma rápida e fácil , possibilitando uma navegação intuitiva na base de dados , com o objetivo de facilitar a recuperação e comparação de dados relevantes relacionados ao exame.

A definição de uma configuração ideal para este sistema não é tão simples . Existem , porém alguns requisitos mínimos para montagem da mesma : deve possuir pelo menos dois monitores de alto brilho com 1024 X 1024 pixels no mínimo, apresentar base de dados de forma otimizada , o tempo de espera entre a seleção de imagens e a sua exibição deve ser o mais curto possível ( <= 5 s ) , possuir programas básicos de processamento de imagem ( ajuste , brilho e contrate, zoom , inversão de escala de cinza , rotação , rolagem e inversão de imagens, possibilidade de reconstrução em 3 D , etc...) Aspectos ergonômicos relacionados a montagem da "workstation" devem ser considerados - distância do observador em relação ao monitor , altura da mesa de trabalho , posição em que o mesmo examinará a tela ( sentado ou em pé ) , facilidade no manuseio de botões e controles , etc... Banco de Dados (Armazenamento) Finalmente para constituir um PACS é necessária uma central ( ou várias centrais) de armazenamento. Armazenar é a função de reter as imagens até que elas sejam requisitadas para visibilização. O armazenamento pode ser realizado em duas áreas distintas : armazenamento rápido ( "short term") incluindo armazenamento ( magnético) local , e armazenamento longo ( "long term") , o qual envolve outros meios de armazenamento óticos. O armazenamento local ( ou magnético ) , geralmente refere-se ao disco rígido ( HD) do computador ; armazena as informações de imagem digital em um disco magnético possibilitando uma recuperação rápida das mesmas. Geralmente , as imagens são mantidas armazenadas nesse meio pôr cerca de uma semana , devido ao grande volume de dados e alto custo dos sistemas magnéticos de alta capacidade. Uma imagem armazenada neste sistema pode geralmente ser acessada em menos de cinco segundos. O armazenamento local é utilizado tanto nas estações de visibilização como nos servidores do sistema. O armazenamento pôr longo prazo refere-se geralmente a discos óticos não regraváveis , podendo chegar a capacidade de 10 GB*( atualmente existem hds com até 60 GB) cada , discos ótico-magnéticos regraváveis , que permitem armazenar as informações pôr um período de tempo específico e então apagá-las , arquivos em fita magnética , em CD-ROMS e , mais recentemente , em DVDs . Embora o PACS venha se tornando rapidamente uma opção tecnológica preferida para tarefas de transmissão , armazenamento , recuperação , visibilização e interpretação de grandes volumes de dados , sua implantação é bastante cara e complexa sendo necessário um planejamento bem organizado e inteligente para sua execução. Existem , na literatura referente , uma série de artigos apresentando soluções e estratégias para implantação de redes PACS em hospitais e serviços de saúde , e outros discutindo componentes e interfaces do sistema. Em geral as soluções propostas estão vinculadas a componentes comerciais desenvolvidos pôr uma determinada empresa , associados ou customizadas com soluções desenvolvidas pela instituição local , sendo muitas vezes implantado de forma modular. Neste caso , uma das estratégias recomendadas é iniciar a implantação do sistema pelo chamado mini-PACS , que pode ter sua capacidade aumentada de acordo com a disponibilização de recursos para este fim se adequando modularmente as necessidades da instituição , hospital ou clínica envolvida.

Referências: 1 - Marques , P A ; Trad , C S. ; Elias Jr. , Jorge ; Santos,A Carlos - Implantação de um Mini-PACS em Hospital Universitário - Radiol Bras 2001;34 ( 4 ) 221-224 2 - Siegel EL , Reiner BI . Challenges associated with the incorporation of digital radiography into a picture achival and communicatrtion system. J Digit Imaging 1999;12, 6-8) 3 - Channin D . The Importance of Integration . Imaging Economics 2002 feb.15 ; 6 4 - Gropper A . The Internet as a Disruptive Technology . Imaging Economics sup 2001 dec ;3

entrevista com Dona Remi

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Confira a entrevista com Dona Remi

Luiz Ribeiro - Estado de Minas




A senhora é o exemplo de quem foi à luta e venceu na vida. Como se sente depois desse sucesso?


Quando a pessoa começa como eu, sem cultura, sem dinheiro, pouca escolaridade, eu me sinto muito bem, pois me sinto realizada. Algumas coisas ficaram para trás; mas tenho o suficiente para me considerar realizada.

Como conheceu o Michael Jackson? E durante quanto tempo trabalhou com ele?

Conheci-o por meio do produtor de música Quincy Jones. Eu estava cozinhando um jantar na casa de Quincy e o Michael Jackson foi um dos convidados. Nos demos muito bem pois nesse tempo o Michael, como outros membros de sua família, eram testemunhas de Jeová como eu. Trabalhei durante duas das turnês dele, Triumph, em 1981, e Victory, em 1984. Entre e depois dessas turnês ele me contratou para trabalhar na casa dele várias vezes durante seis anos ou mais.

Como era Michael Jackson na intimidade?

Michael Jackson era uma pessoa divina para trabalhar junto. Cavalheiro, compreensível, paciente, divertido, tímido, como diz o americano very shy (muito tímido), e complicadíssimo para comer. Mas comia minha comida sem problema nenhum, ele gostava. Ele era muito humano.

O que Jackson achava do Brasil?

Nós não falamos muito sobre o Brasil, não tínhamos a oportunidade de falar disso. Das poucas vezes que tivemos, ele manifestou o desejo de conhecer o Brasil.

Que mensagem a senhora envia aos jovens que estão iniciando suas carreiras?

Obedeçam a seus pais, aproveitem o máximo na escola, sejam corteses, não usem drogas em nenhuma circunstância. Tenha paciência e não abandone os estudos porque a base de tudo é uma boa cultura. Amar a Jeová Deus acima da todas as coisas e adquirir conhecimento da vida. Não se esqueçam que os sucessos na vida dependem de cada um de vocês.

Ela veio de família humilde. Ainda adolescente, trabalhou como babá. Conviveu com vários políticos brasileiros como Juscelino Kubitscheck. Foi para os Estados Unidos, onde, na condição de cozinheira de mão cheia, conheceu e trabalhou com várias estrelas da música e do cinema. Essa história, que parece um conto de fadas, é a vida de Raymunda Pereira de Brito, ou simplesmente Dona Remy, de 84 anos, que nos últimos dias ganhou os holofotes por ter sido cozinheira de Michael Jackson. A mineira de Curvelo, mais do que uma simples cozinheira, foi uma espécie de babá do Rei do Pop e assim foi uma das poucas pessoas no mundo a conhecer a intimidade do astro, que morreu no último dia 25.

“Michael Jackson era uma pessoa divina para trabalhar junto. Cavalheiro, compreensível, paciente, divertido, tímido e muito humano”, descreveu Raymunda Pereira Vila Real (nome que adota atualmente), em entrevista ao Estado de Minas, de sua casa em Los Angeles. Ela conta que o Rei do Pop era “complicadíssimo” para comer. “Mas comia minha comida sem problema nenhum”, ressalta.

Ainda este ano, será lançado, no Brasil e nos EUA, um livro sobre a cozinheira, intitulado Do Brasil para os Estados Unidos pelas colheres – a vida de Dona Remy, escrito em parceria com o empresário e escritor Javier Lizano (natural da Costa Rica e que também tem cidadania americana), que ela conheceu em 1973, em um salão das Testemunhas de Jeová. O livro vai detalhar as experiências de vida dessa mineira que é um verdadeiro exemplo de superação.

Aos 15 anos, ela se mudou para Belo Horizonte, onde passou a trabalhar como babá. Na época, era chamada carinhosamente de Mundica. “Ela era uma pessoa muito carinhosa e dedicada. Tinha muito afeto com as crianças”, diz a aposentada Maria Auxiliadora Diniz Barata, de 89 anos, ex-patroa de Remy. Mais tarde, as duas se tornaram amigas.

Em Curvelo – cidade de 75 mil habitantes, a 163 quilômetros de Belo Horizonte – a mulher que virou cozinheira do Rei do Pop tem duas primas, que evitam contato com a imprensa. Ela sempre tem informações da cidade natal por intermédio do jornalista e escritor Newton Vieira. Ela conta que conheceu o conterrâneo durante uma de suas viagens à cidade, em julho de 1993. Hoje, mostrando que está antenada com a modernidade, Dona Remy faz parte de uma página de relacionamentos na internet e sempre troca informações com o escritor curvelano. “A Remy é uma pessoa de grande força espiritual, lutadora, que alcançou o seus principais objetivos na vida e nunca perdeu a simplicidade”, elogia Newton. Ele conta que a amiga teve uma infância difícil, pois não chegou a conhecer o pai.

“Conheci a Mundica ainda quando eu era adolescente. Ela trabalhava com minha família em Belo Horizonte. Acho que ela fez apenas o curso primário e é uma pessoa vitoriosa. Valorizo muito as pessoas que sabem lutar e vencem na vida”, diz a dona de casa Terezinha Diniz Lopes, de 81 anos, também moradora de Curvelo.

Depois de morar nove anos em Belo Horizonte, na década de 50, a então babá foi para São Paulo, onde começou a trabalhar como doméstica e cozinheira. Pouco depois, conheceu Juscelino Kubstcheck, que gostou do seu trabalho. Também teve a oportunidade de conhecer outros políticos como Jânio Quadros, Carlos Lacerda e Sette Câmara Filho. Sobre JK, comenta: “A lembrança que eu tenho de Juscelino foi da candidatura dele e depois da presidência dele. Eu me lembro dos problemas que ele tinha em seu governo, pelas promessas que ele fez durante a campanha presidencial. Eu vi que ele estava com problemas em relação ao cumprimento de suas promessas ao país”.

Na década de 1960, a curvelana conheceu o músico Sérgio Mendes, que a levou para trabalhar para a família dele nos Estados Unidos. Teve que encarar muitas dificuldades. “Sendo mineira, brasileira, chego aos Estados Unidos sem saber nem uma palavra de inglês. Mas eu inventei e criei meu própio inglês naquela época”, relata Dona Remy.

Ainda por intermédio de Sérgio Mendes, conheceu várias celebridades, para as quais passou a trabalhar no preparo de banquetes. Dentre outros astros, trabalhou e conviveu com Dick Martin, Sidney Poitier, Quincy Jones, Elizabeth Taylor, Paul McCartney, , Michael Jackson, Dick Van Dyke, Yul Brynner, Kirk Douglas, Bill Bixby e Harrison Ford. Em relação ao último – atualmente, o artista mais bem pago de Hollywood (cerca de US$ 64 milhões por ano) – faz uma revelação: antes se tornar conhecido do cinema, Ford completava a renda como carpinteiro. Um dia foi trabalhar na casa de Sérgio Mendes e gostou da comida de Remy, ganhando admiração especial pelo cafezinho preparado por ela.

A brasileira tornou-se conhecida entre as estrelas de Hollywood já com o nome de Remy. Mas como conheceu o Michael Jackson? Ela revela que o primeiro contato aconteceu quando estava cozinhando num jantar na casa do produtor musical Quincy Jones, que tinha o Rei do Pop como um dos convidados. A cozinheira conta que trabalhou com Michael Jackson em duas turnês – Triumph (1981) e Victory (1984). Depois, foi contratada para trabalhar na casa dele. Foram cerca de duas décadas de convivência.

Há mais de 40 anos nos Estados Unidos, Dona Remy não esquece as origens. “O povo do Brasil é o melhor povo que conheci na minha vida. Em particular, a gente de Minas Gerais, os mineiros têm características que separam eles de outros; como sua honestidade.” Ela também conserva a simplicidade. Perguntada sobre o segredo para vencer na vida, resumiu: “É preciso amar o próximo como a si mesmo”.