terça-feira, 3 de maio de 2011

Nova técnica de imagem pode auxiliar no diagnóstico de trauma cerebral em vida


Uma nova descoberta pode auxiliar na identificação e possivelmente no tratamento dos atletas que possuem um trauma crânio-encefálico. Pesquisadores de Boston anunciaram na quarta-feira (1º/12), uma nova técnica de imagem que localiza alterações químicas no cérebro dos atletas vivos, possivelmente relacionados a um traumatismo craniano.

O trauma crânio-encefálico (TCE) foi diagnosticado em mais de uma dezena de jogadores da National Football League e de uma colegial, todos já falecidos, abalando o cenário do esporte norte-americano. O diagnóstico foi confirmado através de uma análise especializada do tecido cerebral. Como tal, levanta a suspeita se um atleta na sua vida particular apresentou possíveis sintomas da doença – perda de memória, entre outros – ou se o trauma não apresentou sequelas em vida.

Na reunião anual da Sociedade de Radiologia da America do Norte, em Chicago, o Dr. Alexander Lin, da Brigham and Women’s Hospital em Boston descreveu como espectroscopia de ressonância magnética a técnica que identificou em cinco atletas sinais de TCE: três jogadores aposentados da National Football League, um boxeador e um lutador. Os exames foram comparados com os de não atletas, com a mesma idade e estilo de vida familiar. “Nós medimos a química do cérebro de homens com um histórico vasto de trauma cerebral e descobrimos que essas mudanças indicam algo bioquimicamente anormal”, disse Lin. “Nós não sabemos se eles têm TCE. Nós não sabemos neste momento se estas mudanças de vida estão relacionadas.”

O coautor do estudo, Robert Stern, da Universidade de Boston, expressou cautela semelhante, informando que se trata um resultado preliminar e que não pode ser mal interpretado, sobretudo, tendo em conta a crescente compreensão pública do trauma crânio-encefálico e seus efeitos. Segundo Stern, resta comprovar se o trauma crânio-encefálico é o causador das alterações químicas, algo que os novos estudos poderiam ajudar a determinar. Assim, os tratamentos seriam mais bem aproveitados através da identificação de pessoas vivendo com a doença.

“Este é um primeiro passo de um longo processo”, disse Stern. “Este é um estudo inicial com uma amostra muito pequena, mas que nos mostra que a tecnologia pode ser útil no diagnóstico. Não se trata, no entanto, que estamos capazes de usar a tecnologia no futuro tão próximo.”

Um método que permita diagnosticar TCE em uma pessoa viva pode ter grandes efeitos econômicos sobre a vida dos jogadores aposentados, com problemas cognitivos. Como ainda não é possível comprovar que a sua condição foi causada durante a prática do futebol americano, não é possível obter vantagens junto ao plano da Liga de invalidez, uma indenização concedida pelo Estado ou em ações judiciais.

Devido ao sistema do estado da Califórnia de compensação, que permite aos jogadores que participem de pelo menos um jogo, solicitar ao Estado sua aposentadoria, ao partir da comprovação de que o declínio cognitivo está associado à prática do futebol americano poderá levar diversas equipes a pagar milhões de dólares em tratamentos médicos (inclusive gastos pessoais) para cada aposentado.

Fonte: NY Times

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