País muda diretriz para câncer de colo do útero.
Faixa etária de mulheres que devem fazer testes periódicos agora vai até 64 anos, por causa da maior expectativa de vida.
O INCA (Instituto Nacional de Câncer) vai lançar no início de julho as novas diretrizes para o rastreamento do câncer de colo do útero – o quarto que mais mata mulheres no Brasil.A principal novidade do documento, que orienta a conduta de profissionais de saúde da rede pública e privada do país, é a ampliação da faixa etária da população a ser submetida ao exame preventivo.
A maior causa da doença é a infecção por determinados tipos do vírus HPV (papilomavírus humano), transmitido por via sexual. O exame preventivo, o Papanicolau, identifica lesões que antecedem o câncer, permitindo o tratamento antes que a doença se desenvolva.Pelas diretrizes anteriores, de 2006, só mulheres com idade entre 25 e 59 anos deveriam realizar o exame. Agora, essa faixa será estendida para até 64 anos.
O motivo, segundo a técnica Flávia de Miranda Corrêa, da divisão de apoio à rede de atenção oncológica do Inca, é o aumento da expectativa de vida da brasileira, hoje em 76 anos.Como a doença leva de 10 a 20 anos para desenvolver, a realização de exames aos 64 anos da mais segurança as mulheres.
FREQUÊNCIA
O INCA quer aproveitar a divulgação das novas diretrizes para reforçar a recomendação de que os médicos realizem o papanicolau só de três em três anos após obter dois resultados positivos com um intervalo de um ano. Hoje, muitos médicos fazem o teste uma vez por ano ou até com mais freqüência, sobrecarregando de forma desnecessária o SUS.
Segundo Corrêa, como o desenvolvimento da doença é lento, isso não se justifica - pesquisas indicam que a realização anual do exame provoca uma queda de 93 % na incidência geral da doença; já com a realização a cada três anos, a redução é de 91 %.
“Hoje o SUS cerca de 12 Milhões de Papanicolaus por ano. Se os médicos seguissem a periodicidade recomendada, isso seria suficiente para cobrir toda a população-alvo”. Segundo Corrêa, o problema é que algumas mulheres são submetidas ao exame mais vezes do que o necessário, enquanto outras nunca o realizam. Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),demonstram que a população feminina entre 25 e 64 anos soma 49,7 milhões de pessoas.Se todas fizessem o exame na rede pública, portanto, seriam necessários 16,5 milhões de Papanicolaus por ano.
Pesquisa realizada pelo instituto em 2008, porém, mostrou que apenas 84,5 % das brasileiras já fizeram o exame preventivo pelo menos uma vez na vida. Especialistas acreditam que muitas podem nunca tê-lo repetido. As novas diretrizes também desencorajam a realização de exames preventivos nas mulheres abaixo de 25 anos, já que, nessa idade, a infecção do HPV muitas vezes regride por conta própria.Caso os médicos optem por realizar, porém, a orientação é que adotem posturas mais conservadoras no caso de obterem um resultado positivo. Mas, segundo especialista, cabe ao médico decidir qual a conduta a ser adotada para cada diagnóstico específico encontrado.
Fonte : Matéria publicada na Folha de São Paulo em 11 de junho 2011.
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