domingo, 1 de janeiro de 2012

Células de conexão cerebral são mais do que simples 'cola', revela estudo



Glia também age na adaptação, no aprendizado e na memória.
Grupo israelense, americano e francês usou modelo de computador.



As células da glia (nome grego para “cola”), que unem os neurônios e protegem as células que determinam nossos pensamentos e comportamentos, podem ter várias outras funções, segundo estudo da Universidade de Tel Aviv (TAU), em Israel, publicado na revista "PLoS Computational Biology".

Esse tecido conjuntivo, ou de conexão, também interfere na adaptação a diferentes estímulos, no aprendizado e na memória. Os cientistas suspeitam que a glia seja ainda mais central para o funcionamento do cérebro porque é abundante no hipocampo (que fica no meio do órgão) e no córtex (camada mais externa). Essas duas partes são as que têm maior controle sobre a capacidade de processar informações e guardá-las.

“As células da glia são como supervisores cerebrais. Ao regular as sinapses, controlam a transferência de informações entre os neurônios, o que afeta a forma como o cérebro processa os dados e aprende”, explica o estudante de pós-doutorado da TAU Maurizio De Pittà.

A pesquisa – liderada pelo professor Eshel Ben-Jacob, da TAU, em conjunto com Vladislav Volman, do Instituto Salk para Estudos Biológicos e da Universidadade da Califórnia em San Diego, nos EUA, e Hugues Berry, da Universidade de Lyon, na França – desenvolveu o primeiro modelo de computador que incorpora a influência das células da glia na transferência de sinapses.

Esse modelo também pode ser aplicado em tecnologias baseadas nas redes cerebrais, como microchips, softwares e algoritmos. Além disso, poderia servir para estudos sobre distúrbios como epilepsia e mal de Alzheimer.

"Rede social" do cérebro
O cérebro é formado por dois tipos principais de células: os neurônios e a glia. Para cada neurônio, há de duas a cinco células da glia.

Os primeiros disparam sinais que ditam como pensamos e agimos, usando conexões chamadas sinapses para passar adiante a mensagem de um para o outro.

Ben-Jacob compara o cérebro a uma rede social, em que as mensagens se originam nos neurônios, que usam as sinapses como seu sistema de entrega, enquanto a glia serve de moderador geral, para regular quais mensagens serão enviadas e quando.

Essas células podem solicitar a transferência de informações ou reduzir a atividade das sinapses se elas estiverem muito hiperativas.

Do G1, em São Paulo
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