segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA: DESOBSTRUIR ARTÉRIAS FICOU MAIS FÁCIL

Do combate à doença arterial periférica ao tratamento de miomas, a radiologia intervencionista tem cada vez mais indicações Uma boa notícia para quem sofre de doença arterial periférica: a radiologia intervencionista está ajudando os pacientes com obstrução das artérias e veias a recuperarem a circulação. Essa doença ataca as artérias, geralmente fazendo com que placas de gordura se acumulem, diminuindo o calibre e consequentemente a passagem do sangue no local. E a doença é séria: está provado cientificamente que pacientes com problemas de circulação do sangue têm maior risco de ter problemas graves do coração, aumentando inclusive o risco de morte. O problema atinge todas as artérias do pescoço, principalmente as das pernas, do rim e da barriga – a conhecida aorta. Nela, além da obstrução, o que comumente ocorre é a dilatação, chamada de aneurisma de aorta, que nada mais é que uma fraqueza da parede do vaso sanguíneo e quando rompe é fatal, devido à grande perda de sangue. Já a obstrução da artéria renal, por exemplo, causada pelo acúmulo de cálcio e gordura, pode causar hipertensão arterial de difícil controle e sobrecarrega as artérias do coração, trazendo graves riscos. Os principais sintomas da doença vascular periférica podem ser sentidos no dia-a-dia. De acordo com Alexander Ramajo Corvello, radiologista intervencionista do Instituto de Radiologia Intervencionista do Paraná (Inrad), a vida sedentária aliada a uma alimentação rica em gorduras é a combinação perfeita para propiciar o congestionamento das artérias. Se, além disso, a pessoa fumar, o risco de desenvolver o problema é multiplicado. “É preciso passar por exames de rotina e mudar os hábitos alimentares, pois a falta de circulação pode levar a pessoa à morte”, alerta o especialista. Angioplastia Muitas vezes, porém, só é possível saber da existência do problema após a realização de exames. Corvello adverte que alguns sintomas podem ser sentidos durante uma caminhada, por exemplo. Se a pessoa sente muitas dores nas pernas ao caminhar, deve ficar alerta. Também devem se preocupar pessoas com falta de sensibilidade nas pernas, sensação de pernas frias, alteração da coloração da pele, perda da força nos braços ou com a presença de feridas de perna que dificilmente cicatrizam. Estes podem ser alguns indícios de doença arterial periférica, e todos estes sintomas podem ser provenientes de artérias “entupidas”. Para o especialista, é possível controlar a doença na maioria dos pacientes. Além do tratamento medicamentoso, os procedimentos da radiologia intervencionista têm trazido benefícios comprovados cientificamente. Na intervenção é feita uma angioplastia para dilatar as artérias e implantado o stent (pequena prótese metálica tubular), que fica por dentro da parede da artéria, desobstruindo-a e estabilizando o fluxo sanguíneo. Minimamente invasivo, este procedimento é realizado através de uma pequena incisão na virilha. Em relação ao cérebro, as estatísticas médicas apontam a falta de circulação cerebral como sendo a maior causa de sequelas e morte de pacientes no mundo moderno. A obstrução das artérias carótidas também pode ser evitada com a angioplastia, que apresenta baixos índices de complicações (em torno de 1 a 2%) devido ao avanço dos materiais que hoje são utilizados. Um desses materiais é filtro de proteção, que faz com que o paciente esteja protegido de eventuais deslocamentos de placas para a circulação do cérebro durante o procedimento de angioplastia. Este filtro funciona com um pequeno coador que deixa apenas sangue passar, barrando eventuais fragmentos da placa de gordura calcificada. Em todos estes procedimentos o médico é guiado por imagens geradas pelo equipamento de arteriografia digital, que possui altíssima definição e permite enxergar as artérias e veias através de imagens de raio X dinâmico, propiciando a segurança necessária para a realização dos tratamentos. Miomas: nem sempre é necessária a retirada do útero A radiologia intervencionista também auxilia no tratamento de miomas uterinos. A técnica, conhecida como embolização, elimina miomas e preserva o útero, além de ser minimamente invasiva. Alexander Corvello comenta que a técnica de embolização tem ação contrária à aplicada para as doenças vasculares periféricas. Nesses casos, é preciso obstruir as artérias para impedir o fluxo sanguíneo e parar de nutrir os miomas. “É uma técnica segura e eficaz, que existe desde 1979 e é aplicada para tratamento de miomas desde 1995. Com certeza, uma alternativa efetiva para as pacientes que querem tratar o problema sem precisar retirar o órgão”, explica o médico. Assim, mesmo após o tratamento é possível engravidar e a feminilidade é preservada. Dr. Corvello realiza a embolização uterina para miomas desde 2001. Este é um dos tratamentos reconhecidos no rol de procedimentos médicos da Agência Nacional de Saúde, principal órgão regulador do Ministério da Saúde. O procedimento consiste num corte de no máximo dois milímetros na região da virilha, por onde se introduz um fino tubo até as artérias uterinas. Depois de localizados os miomas, são injetadas micropartículas plásticas através do tubo para obstruir as artérias a seu redor. “Assim, as artérias do útero não ‘alimentam’ os miomas e eles param de crescer”, esclarece o especialista. A embolização do mioma do útero é um tratamento não-cirúrgico que leva, em média, uma hora. Não há cortes grandes nem profundos, por isso não causa agressão ao organismo. O radiologista ressalta que o procedimento não interfere nas funções normais do útero, que passa a ser nutrido por circulações colaterais, mantendo sua vitalidade. A realização da embolização uterina é indolor, pois não há terminais de dor no interior das artérias. O material utilizado para obstrução das artérias é um produto sintético utilizado há mais de 35 anos na medicina e que não provoca rejeição do organismo humano. Doença silenciosa Dr. Alexander destaca a importância de as mulheres se informarem sobre a embolização antes de se submeterem a uma cirurgia para a retirada do útero. “Hoje, a medicina disponibiliza técnicas modernas e seguras que preservam o útero da mulher e, consequentemente, a feminilidade”, assegura o médico, salientando sobre a necessidade de mais informação e esclarecimento para a população feminina. A embolização uterina proporciona mais qualidade de vida, mais saúde e disposição às mulheres que sofrem de miomas. A técnica controla os sintomas, como hemorragias e dores, que algumas vezes afetam quem sofre com o problema. As causas ainda não são completamente conhecidas, mas acredita-se que a predisposição genética pode ter alguma influência na sua incidência. Fonte:Dr. Alexander Ramajo Corvello, radiologista intervencionista do Instituto de Radiologia Intervencionista (Inrad)

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