sábado, 10 de abril de 2010


Os Jovens Perguntam . . .
Que dano há em flertar?
“SARA! Sara!”, sussurra o rapaz sentado algumas fileiras mais para trás. “Venha sentar-se aqui comigo!” A cada cinco minutos, ele repete seu apelo — mas em vão. Para Sara, as tentativas do rapaz de namoricar com ela na sala de aula não passam de uma irritação diária.
A jovem Jenifer ainda não tem idade para cursar a escola secundária, mas ela relata: “Os rapazes dizem coisas de significado dúbio e agem dum modo que não indica simples amizade.” “E o jeito de eles nos olharem!”, acrescenta Érica. “Eles olham para você com aquele grande sorriso sonso, e não se sabe onde conseguem aquela voz realmente grave — isso me faz rir. Aí eles chegam bem perto de você.” Os rapazes também ficam muitas vezes expostos ao flerte ou namorico. Relata o adolescente João: “As garotas [da escola] tentam chegar perto e tocar em você, pondo os braços em seus ombros. Elas surgem nos corredores e tentam abraçá-lo.”
Muitos jovens, admitidamente, parecem gostar dessa atenção. “É divertido”, declarou uma jovem chamada Catarina que incentiva olhares lascivos por se vestir de forma insinuante. Muitos jovens também apreciam distribuir atenções. “Sou uma jovem que gosta de flertar com todos os rapazes — quer eu goste deles, quer não”, escreveu uma moça à revista ’Teen. “O flerte me faz sentir mais confiante e mais charmosa.”
Como, então, deve um jovem cristão encarar o flerte? Trata-se apenas de um divertimento inocente, de uma fase inevitável na trilha do amor? Ou existem reais perigos a serem evitados?
O Que Está Envolvido no Flerte
Originário da língua inglesa, o termo flertar (ou namoricar) não é a mesma coisa que a atenção legítima que um homem talvez dê a uma mulher (ou vice-versa) nos estágios iniciais do namoro sério. Antes, significa “comportar-se amorosamente [romanticamente] sem sérias intenções”. Os franceses chamam a mulher que se comporta desta maneira de coquette.
Não é tão fácil, porém, apontar o que constitui exatamente um flerte. O flerte pode envolver um olhar, um toque, o tom da voz, um sorriso enigmático — até o modo de a pessoa se vestir, de ficar de pé ou se portar. Ao passo que pode ser difícil definir o flerte, este, contudo, geralmente é bem fácil de identificar quando a pessoa é o objeto visado. Em todo caso, se a pessoa simplesmente for jovem demais para pensar em casar-se, o coquetismo ou o flerte é um comportamento bem arriscado!
“Divertimento” Perigoso?
Não que seja errado, em si, sentir-se atraído por alguém do sexo oposto. Deveras, na “flor da juventude”, é somente natural que tais sentimentos sejam fortes; foi assim que o Criador nos fez. (1 Coríntios 7:36) Talvez você fique imaginando quão atraente é; o flerte pode parecer-lhe uma maneira inofensiva de descobri-lo. A revista ’Teen até mesmo incentivou as jovens a flertar, declarando: “O Flerte Pode Ser Divertido!” O artigo em pauta fornecia instruções pormenorizadas sobre a arte de flertar.
Mas, o simples fato de que o flerte possa ser chamado de divertimento não o torna proveitoso nem saudável. Considere a atitude de Jó, um homem justo. Ele, certa vez, disse: “Concluí um pacto com os meus olhos. Portanto, como poderia mostrar-me atento a uma virgem?” (Jó 31:1, 9-11) Efetivamente, Jó firmou um contrato consigo mesmo de que controlaria seus olhos e jamais olharia, num flerte, para uma mulher não casada. Por quê? Porque Jó era casado. Namoricar teria sido inapropriado e desleal para com sua esposa. No mínimo, poderia ter suscitado desejos errados e expectativas incorretas. Por conseguinte, Jó evitava o flerte.
Bem, você não é casado(a). Mas, refletindo bem, será que você possui um motivo mais legítimo de mostrar-se mui atencioso para com determinado membro do sexo oposto do que Jó possuía? Afinal de contas, se ainda não tem idade suficiente para casar-se, qual seria o objetivo disso? O que faria se ele ou ela lhe correspondesse? Está realmente em condições de conduzir um relacionamento ao seu objetivo lógico — o casamento? Se não está, o flerte não resultará em nada, senão em frustração.
Elevar Sua Auto-estima
Muitas vezes, porém, o envolvimento romântico é a última coisa que passa pela mente de quem namorica. Ele, ou ela, talvez encare obter as atenções do sexo oposto como uma espécie de jogo ou esporte. Uma jovem cristã chamada Maria, por exemplo, estava bem cônscia da ordem da Bíblia de não se envolver romanticamente com um incrédulo. (2 Coríntios 6:14) Mas ela erroneamente acreditava que não havia nenhum mal em namoricar os rapazes da sua escola. “Assim que eu obtinha a atenção deles”, ela explica prontamente, “isso era o fim de tudo. Chega-se ao ponto em que eles a convidam para sair, e é ali que você pára”. Mas será ali que eles param?
A escritora Kathy McCoy comentou num artigo para a revista Seventeen: “Os participantes de jogos sexuais são, não raro, pessoas dotadas de pouca auto-estima, que tentam nutrir bons sentimentos sobre si mesmas através das atenções e da admiração de outros.” Conseguir resposta a um olhar ou a um toque sedutor pode deveras elevar sua auto-estima — mas apenas temporariamente. Ademais Paulo, um escritor bíblico, ao considerar o verdadeiro amor, a terna afeição e a unidade cristã, avisou os cristãos de que não fizessem ‘nada por egotismo’, ou por “vaidade pessoal”, como certa tradução se expressa. — Filipenses 2:1-3; The New English Bible.
Existem meios muito mais eficazes e duradouros de edificar sua auto-estima do que brincar com os sentimentos dos outros. Por que não tenta edificar “o homem interior”, ou a pessoa que você é no íntimo? — 2 Coríntios 4:16, A Bíblia de Jerusalém.
‘Atirar Projéteis Ardentes’
Um artigo da revista Seventeen aponta ainda outro perigo, dizendo: “O difícil no flerte é que ele significa coisas diferentes para pessoas diferentes, e, às vezes, pode-se entender errado os significados — resultando em sentimentos feridos.”
Sim, os jovens muitas vezes ingenuamente subestimam os danos que o flerte pode causar aos sentimentos dos outros. É como diz um sábio provérbio: “Igual a um louco que atira projéteis ardentes, flechas e morte, assim é o homem que logrou seu próximo e que disse: ‘Não me diverti?’” (Provérbios 26:18, 19) O poder de influir nas emoções de outros é potencialmente letal. Como qualquer poder, tem de ser usado de forma cautelosa, responsável.
Flertar é enganoso, desorientador, desamoroso e não raro cruel. Pode tornar amargo um relacionamento potencialmente saudável e agradável. Pode diminuir seu valor aos olhos de outros. Pior ainda, pode levar ao envolvimento romântico prematuro, ou até mesmo à imoralidade sexual! A Bíblia avisa: “Pode um homem juntar fogo no seu seio sem se queimarem as suas vestes?” — Provérbios 6:27.
‘Quero que as Pessoas Gostem de Mim’
Por certo, é apenas natural desejar ser apreciado. E pode parecer-lhe que flertar é deveras divertido e que aqueles que sabem exibir todo o seu charme são os que possuem mais amigos. Mas, será que quem flerta realmente trava amizades genuínas e duradouras? Dificilmente. Na verdade, alguns talvez gostem de quem flerta enquanto as atenções estiverem voltadas para si. Mas quando as atenções subitamente se desviarem para outra pessoa, geralmente se sentem bem desgostosos com quem flerta.
Não é surpreendente, então, que em uma pesquisa feita entre moças adolescentes, 80 por cento julgaram que a “natureza propensa ao flerte”, por parte dum rapaz, “não tinha mérito algum”. Como diz um antigo provérbio: “A pessoa cruel traz banimento ao seu próprio organismo.” — Provérbios 11:17.
Relacionamentos Saudáveis
É verdade que nem sempre é fácil atingir o equilíbrio correto ao lidar com o sexo oposto. Uma adolescente chamada Kelly diz que ela “tem muita dificuldade em descobrir a diferença entre ser amigável e flertar”. Acrescenta ela: “Eu sou muito, muito amigável.”
Não há nada de errado em ser extrovertido. E não é necessário esconder-se numa concha ou aparentar ser uma pessoa fria. A habilidade de poder travar conversações edificantes e inteligentes talvez o ajude a fazer amigos. Ademais, a conversação franca é menos provável de ser mal-interpretada do que olhares inexplicáveis ou sorrisinhos acanhados do outro lado duma sala. Mas se você for amigável apenas com colegas do sexo oposto e virtualmente ignorar os outros, não poderiam alguns tirar conclusões erradas a seu respeito?
A chave é ‘não visar, em interesse pessoal, apenas os seus próprios assuntos, mas também, em interesse pessoal, os dos outros’ — sem considerar a idade ou o sexo. (Filipenses 2:4) Evite a linguagem, as roupas, o modo de arrumar-se ou as ações que poderiam ser encaradas como provocantes. (Compare com 1 Timóteo 2:9.) Se gozar da reputação de que demonstra genuíno interesse nas pessoas em geral, raramente a sua amabilidade será confundida com um gesto romântico. Por suas palavras e ações, você poderá enviar uma clara mensagem: ‘Não sou de flertar com ninguém!’

Revista Despertai 91 8/5 pp. 18-20

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