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sábado, 10 de abril de 2010
Tenha a coragem de admitir um erro
“TODOS nós tropeçamos muitas vezes. Se alguém não tropeçar em palavra, este é homem perfeito, capaz de refrear também todo o seu corpo.” Assim escreveu um cristão destacado, em Jerusalém, há mais de dezenove séculos atrás. Podem-se negar as suas palavras? Claro que não! — Tia. 3:2.
“Tropeçar” é apenas outra palavra para “errar”. E embora todos cometamos erros, quão difícil é admitir isso! Fere o orgulho da pessoa. Quando alguém é acusado de ter errado, ele tem a tendência de justificar-se, de apresentar desculpas, de culpar outros ou de negar ter errado. Requer coragem admitir um erro, arcar com a responsabilidade, admitir ter errado ou ter-se enganado.
Às vezes, os jovens têm uma queixa válida contra seu pai neste respeito. Alguns desses disseram certa vez. “Gostamos de papai; claro que sim. Mas quando temos uma discussão, ele nunca, mas nunca mesmo, admite ter errado ou ter cometido um engano. Ora, todos cometem erros, alguma vez!”
Este papai talvez pensasse que, para manter a sua autoridade, nunca devia admitir ter errado ou ter-se enganado. Qualquer que tenha sido seu argumento, sua atitude não fomentou a comunicação e a harmonia na família. Por adotar este proceder irrefletido, em vez de fortalecer sua autoridade, rebaixava-se aos olhos dos filhos. Se às vezes tivesse admitido que se enganara, teria mostrado que tinha coragem de assumir a responsabilidade pelo erro!
Negar-se a admitir que se tenha errado é como que reivindicar a infalibilidade. Os chefes da maior organização religiosa do mundo, já por um século, têm afirmado ser infalíveis, não cometer erros — ou que qualquer papa os tenha cometido alguma vez — ao falar oficialmente sobre questões de doutrina e de moral. Mas dentro da mesma organização religiosa são cada vez mais as vozes levantadas para questionar esta afirmação. Neste respeito, o bispo católico romano F. Simons, de Indore, na Índia, declarou:
“Quando a igreja, embora de boa fé, ultrapassa o testemunho apostólico a respeito de Cristo, ela não tem direito de esperar que possa ensinar tais conceitos adicionais com certeza inerrante. Os próprios Apóstolos, ao exigirem fé, apelavam para a evidência, para o que tinham ouvido e visto. . . . Tampouco há qualquer promessa ou garantia divina de que a igreja tenha recebido tal dom, em virtude do qual possa ter certeza a respeito de Cristo, independente do conteúdo assegurado do testemunho apostólico. Assim que ela se afasta do alicerce seguro lançado pelos Apóstolos, está sujeita à ignorância e aos erros de sua era, o que se aplica, conforme a experiência tem demonstrado, até mesmo ao seu entendimento das escrituras.
“A afirmação de infalibilidade causa incalculável dano à credibilidade da autoridade instrutora da igreja. Restringe indevidamente sua capacidade de aceitar evidência nova e a torna vítima e defensora dos erros passados.’ — Commonweal, 25 de setembro de 1970, págs. 480, 481.
Em nítido contraste com a atitude adotada pelos papas encontra-se a das testemunhas cristãs de Jeová. Estas realmente admitem que cometeram erros quanto a doutrinas e à adoração. Neste respeito, por um tempo, junto com a cristandade, celebravam o Natal, até saberem de sua origem pagã. Também, visto que Romanos 13:1 tinha sido interpretado como significando que os governos do mundo devem receber obediência incondicional, as Testemunhas interpretavam as ‘potestades superiores’ ou as “autoridades superiores”, mencionadas ali, como referindo-se a Jeová Deus e Jesus Cristo. Entretanto, um exame mais detido do texto circundante revela que Romanos 13:1 refere-se mesmo aos governos políticos deste mundo. Mas, ao se comparar este texto com outros, tais como Atos 5:29, que diz: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens”, viu-se que a “sujeição” mencionada em Romanos 13:1 deve ser uma sujeição relativa, não incondicional. Quer dizer, os cristãos devem estar sujeitos aos governos deste mundo, enquanto estes não exijam dos cristãos violar as leis de Deus. Quando tais governos fazem isso, então o cristão precisa obedecer à lei superior. — Atos 4:19, 20.
Será que esta admissão, de ter errado, as caracteriza como falsos profetas? De modo algum, pois os falsos profetas não admitem cometer erros. De fato, o livro de Atos fornece mais de um exemplo de os primitivos cristãos terem errado quanto às suas crenças e terem de ser retificados, mas eles são mencionados com aprovação na Palavra de Deus. Tudo isto está em harmonia com o princípio bíblico de que “a vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido”. — Pro. 4:18.
Em vista de tais exemplos, por que deve ser tão difícil alguém admitir ter errado? Nenhum homem sabe tudo; todos continuamos a aprender. Cometemos erros vez após vez, por falta de conhecimento suficiente. Ou talvez erremos porque nos deixamos vencer pelas nossas emoções; talvez tenhamos permitido que algum preconceito ou a vaidade ferida nos fizesse reagir sem primeiro usarmos a faculdade de raciocínio para avaliar as conseqüências de nossas palavras ou ações. — Pro. 5:1, 2.
Estar disposto a admitir um erro é o proceder certo, pois deixa a consciência limpa. Evita que fiquemos na defensiva ou que tentemos justificar nossos erros por dizer: “Ninguém é perfeito.”
Ter a coragem de admitir um erro também é sábio. Assim como se notou no caso dos filhos que se queixaram de que seu papai nunca admitia um erro, se admitirmos cometer erros estabelecemos relações melhores com os outros, quer sejam colegas, quer nossos superiores ou nossos inferiores — falando-se em sentido de organização. E por admitirmos um erro, gravar-se-á isso na nossa mente, de modo que será menos provável que repitamos este erro, nem que seja só por causa da humilhação sofrida.
Portanto, tenha coragem. Tenha a coragem de admitir um erro. Esteja disposto a dizer: “Sim, tem razão. Cometi um erro e lamento isso.” Daí, esforce-se de não o repetir.
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