sexta-feira, 23 de abril de 2010

Descoberta sanguessuga que vive em narinas humanas na Amazônia



Descoberta sanguessuga que vive
em narinas humanas na Amazônia
Exemplar foi achado em menina peruana; espécie existiria há 200 mil anos.
Cientistas anunciaram a descoberta de uma nova espécie de sanguessuga que tem a tendência de viver em narinas humanas.
Segundo os pesquisadores, ela pode entrar nos orifícios do corpo de pessoas e animais e aderir às membranas mucosas.
Eles deram à nova espécie o nome de Tyrannobdella rex, que significa "sanguessuga rainha tirana".
A criatura, que vive em áreas remotas do alto Amazonas, foi descoberta em 2007, no Peru, quando uma espécie foi retirada do nariz de uma menina que tinha se banhado em um rio.
Renzo Arauco-Brown, da Escola de Medicina da Universidade Cayetano Heredia, em Lima, extraiu a sanguessuga do nariz da garota e enviou a amostra para um zoólogo nos Estados Unidos.
Mark Siddall, do Museu Americano de História Natural, em Nova York, reconheceu rapidamente que se tratava de uma nova espécie. Segundo ele, a criatura tinha algumas características muito incomuns, como uma única mandíbula, oito dentes grandes e genitália minúscula.
A líder do estudo, Anna Phillips, uma universitária ligada ao museu, disse: "Nós achamos que a Tyrannobdella rex é parente próximo de outra sanguessuga que entra na boca de gado no México."
Uma análise de DNA revelou também uma "relação evolucionária" entre sanguessugas que vivem em regiões distantes. Isso sugere a existência de um ancestral comum, que pode ter vivido quando os continentes estavam unidos em uma única extensão de terra chamada Pangaea.
Siddall explicou: "As espécies mais antigas dessa família de sanguessugas compartilhavam a Terra com os dinossauros, há cerca de 200 milhões de anos."
"Alguns ancestrais do nosso T. rex podem ter vivido no nariz de outro T. rex", afirmou, em uma referência o dinossauro Tiranossauro rex.
A pesquisa foi divulgada na revista científica online "PLoS One".
Os cientistas acreditam que podem existir até 10 mil espécies de sanguessuga. Já foram descobertas entre 600 e 700.



Fonte: G1 Ciência e Saúde

Lagarto de duas cabeças




Lagarto de duas cabeças é encontrado na Austrália, diz jornal
Bicho tem seis patas e consegue comer com as duas bocas.

O problema é que a cabeça maior tende a atacar a menor.
Um lagarto da espécie shingleback (Tiliqua rugosa) com duas cabeças foi resgatado na cidade de Coogee, nas proximidades de Sidney, na Austrália. A informação foi publicada nesta quinta-feira (22) pelo site do jornal "Metro" do Reino Unido.

O réptil, cuja espécie é conhecida por ter o rabo curto, foi encontrado por funcionários de um parque especializado em répteis e já ganhou uma moradia permanente no local.

Segundo o jornal, o lagarto não tem apenas duas cabeças, mas também um par de pernas ao lado de cada cabeça, e ainda é capaz de comer com as duas bocas.

O lado negativo de ter duas cabeças é que é difícil se mover. Além disso, a cabeça maior tende a atacar a menor, informa o "Metro".

Do G1, em São Paulo

Igreja Católica mexicana pede perdão por abusos sexuais contra menores



Igreja Católica mexicana pede perdão por abusos sexuais contra menores.Pronunciamento foi emitido durante assembleia que reúne cúpula católica.
Em março, congregação pediu desculpas por abusos cometidos por padre.
A Conferência do Episcopado Mexicano pediu perdão, esta terça-feira (13), pelos abusos sexuais de sacerdotes contra crianças e jovens, entre eles os cometidos por Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo e que, em março, foram admitidos por esta congregação.
"Queremos pedir perdão àqueles que foram vítimas de sacerdotes desonestos, que com suas ações abomináveis causaram danos a crianças inocentes, traindo o seu ministério, sujando e manchando a figura sacerdotal", destacou a conferência em um comunicado.
No pronunciamento, emitido na assembleia anual que reúne a cúpula da hierarquia católica mexicana, os bispos e arcebispos se comprometeram a permitir que "autoridades civis intervenham e façam cumprir a lei" em casos atuais e do passado.
A Igreja mexicana defendeu, ainda, o papa Bento XVI pela "valentia com que se expressou" sobre a pedofilia e, em especial, por sua atuação nas denúncias contra sacerdotes católicos envolvidos neste crime em várias partes do mundo.

Fonte: G1 Noticias.

Fone para denunciar pedofilia do clero alemão tem 2.670



Fone para denunciar pedofilia do clero alemão tem 2.670 ligações numa semana
Representante da igreja diz ter ficado 'surpreso' com volume de consultas.
Objetivo é reconquistar a confiança dos fiéis após os recentes escândalos

Um disque-denúncia na Alemanha para denúncias de abuso sexual supostamente praticado por clérigos recebey 2.670 ligações em uma semana, segundo a Igreja Católica local.

Cerca de 13.293 pessoas tentaram ligar para o serviço ao longo da primeira semana, mas apenas 2.670 conseguiram entrar em contato com os 11 conselheiros que estavam em serviço, informaram representantes da igreja.

"Não esperávamos tantas ligações", disse Stephan Kronenburg, porta-voz da diocese de Trier onde o centro de controle do atendimento está localizado. "Tem sido bem recebido. Muitos que ligaram disseram estar gratos por isso."

No primeiro dia, o disque-denúncia recebeu 4.459 ligações mas os atendentes, que trabalham em turnos de quatro horas, só conseguiram atender 162 telefonemas, e o serviço teve de interromper suas atividades temporariamente. Além dos 11 conselheiros atendendo as ligações, sete estavam disponíveis para responder às perguntas online.

Das 2.670 ligações feitas na primeira semana, foram realizadas 394 consultas telefônicas sobre assuntos de abuso que duraram desde alguns minutos até uma hora, e 91 atendimentos on-line.

Kronenburg disse que a maioria das pessoas que ligaram eram vítimas de abuso ou parentes das vítimas.

Andreas Zimmer, diretor dos serviços de atendimento, disse que muitas das pessoas estavam rompendo com um silêncio mantido há muito tempo.

"Essa é a primeira vez que eles quiseram falar sobre o abuso, porque as memórias e as experiências de violência são muitas vezes deslocadas", disse Zimmer a uma rádio local.

Na equipe de atendimento estão psicólogos e assistentes sociais treinados na área de abuso e trauma, e oferecem conselhos às vítimas e as encaminham para receberem assistência local.

O serviço não foi criado para investigar crimes de abuso sexual mas os atendentes podem indicar as vítimas para as autoridades se eles quiserem entrar com uma reclamação oficial.

A iniciativa é parte do esforço da Igreja para trazer à tona a questão de abuso e reconquistar a confiança depois do grande número de alegações de abusos físico e sexual cometidos por padres na Alemanha, muitos dos quais aconteceram em internatos católicos desde décadas atrás.

Da Reuters, em Berlim
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo

Ateus britânicos vão pedir prisão do papa




Ateus britânicos vão pedir prisão do papa por abusos na Igreja
Dois renomados pensadores da Grã-Bretanha dizem que vão pedir prisão de Bento 16 durante visita do pontífice ao país em setembro.
Da BBC

Dois renomados ateus britânicos expressaram sua intenção de processar o papa Bento 16 pelo seu papel nos casos de abusos sexuais envolvendo padres da Igreja Católica em diversas partes do mundo.

Os escritores Richard Dawkins e Christopher Hitchens disseram que moverão um processo contra o papa tanto na Justiça da Grã-Bretanha, país que o pontífice visitará em setembro, quanto na Corte Penal Internacional.
Dawkins, biólogo de formação, é um conhecido autor de livros que questionam a validade e a veracidade das religiões. Seu trabalho mais conhecido, "Deus, uma ilusão" vendeu mais de 1,5 milhão de cópias e virou um best-seller publicado em mais de 30 países.
Hitchens é filósofo e cientista político pela Universidade de Oxford, e colunista de diversas publicações, como Vanity Fair, Harper's e Granta.
A argumentação jurídica seguiria a mesma lógica da ação que culminou com a prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet durante sua visita a Londres em 1998.
Os pensadores alegam que o pontífice "não é imune à prisão no Reino Unido" porque, apesar de ser o chefe do Vaticano, não é um chefe de Estado reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
"Acredito que a Justiça britânica rejeitará (o argumento de imunidade do papa)", disse o advogado especializado em direitos humanos que representará os escritores, Mark Stephens.
"Se o papa viesse em visita de Estado, normalmente um chefe de Estado teria imunidade soberana. O que defendo é que ele não é um soberano, não é chefe de Estado, por isso não pode se valer dessa defesa."
Dawkins e Hitchens e seu advogado crêem que podem acusar o papa de crime contra a humanidade.

Bento 16 tem sido alvo de críticas diante das inúmeras denúncias de abusos de menores que surgiram, porque ele chefiava o braço da Santa Sé responsável pela disciplina.
Em muitos casos o papa, então cardeal Joseph Ratzinger, é acusado de omissão. Mas no fim da semana passada veio a público uma carta de 1985 em que ele resiste à ideia de destituir das funções sacerdotais o padre americano Stephen Kiesle, acusado de abuso sexual.
O então cardeal Ratzinger afirmou na carta que o "bem da Igreja universal" precisava ser levado em conta em um ato como a destituição das funções sacerdotais.
O Vaticano confirmou a assinatura do cardeal no documento, revelado pela agência de notícias Associated Press.
Em resposta à divulgação da carta, o porta-voz do Vaticano disse que o documento foi apresentado "fora do contexto".

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo

domingo, 11 de abril de 2010


Novo Código de Ética Médica dá maior autonomia a pacientes


Ele também desobriga médicos a atenderem pacientes além da capacidade.
Foi aprovada no último sábado(29) uma revisão no Código de Ética dos Médicos pelo Conselho Federal de Medicina. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina, Hilton Mendes, a autonomia do paciente foi ampliada.

“Em casos de pacientes de Testemunhas de Jeová, com mais de 12 anos e tiver consciente, ele pode optar por escolher o procedimento, por exemplo fazer uma transfusão de sangue [que a religião não permite] ou ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, explicou Hilton Mendes.
O novo Código dará autonomia aos médicos para que eles não se submetam aos regimes de trabalho impostos por alguns hospitais.
O presidente do Conselho disse que em algumas unidades do interior do Estado, os médicos do Programa Saúde da Família (PSF) têm carga horária de 40 horas semanais e às vezes são obrigados a dobrar essa carga, quando somado aos plantões.
“Em épocas de doenças sazonais alguns atendem até 120 pacientes por plantão, chegando a trabalhar 88 horas por semana”, acrescentou o médico.
Um outro ponto que o novo código deixa claro, é em relação aos leitos de UTIs. De acordo com as novas regras, foi retirada do médico a responsabilidade de eleger pacientes com prioridade nestas unidades. Agora o corpo clínico e a direção da UTI de cada hospital, deverá definir quais são as doenças prioritárias.

Além disso, a nova regulamentação versa sobre a proibição dos profissionais de se beneficiarem financeiramente da venda de medicamentos, são proibidos também de criar embriões para pesquisa e escolha do sexo do bebê nas clínicas de reprodução.

“A sociedade conseguiu trabalhar e atualizar um código em que ela mesma e os médicos foram ouvidos. A autonomia dos pacientes será respeitada”, finalizou.


Flash de Leilane Nunes (direto da Câmara)
Redação de Caroline Oliveira
redacao@cidadeverde.com

A Ética Médica e o Respeito às Crenças Religiosas
________________________________________
* Zelita da Silva Souza
** Maria Isabel Dias Miorim de Moraes

O respeito à autonomia do paciente estende-se aos seus valores religiosos. Tais valores não
podem ser desconsiderados ou minimizados por outrem, em particular pelos profissionais de saúde,
a despeito dos melhores e mais sinceros interesses destes. Ademais, os valores
religiosos podem ser uma força positiva para o conforto e a recuperação do paciente se ele
estiver seguro de que os mesmos serão respeitados.
UNITERMOS _ Valores, respeito às crenças, autodeterminação
As crenças religiosas estão entre as mais acalentadas convicções do ser humano, cuja vida é tremendamente influenciada por sua visão dos atributos de Deus (soberania e onipotência), dos atributos das outras pessoas (a santidade da vida) e da sua relação pessoal com Deus (comunicação e obediência aos mandamentos). O respeito mútuo às convicções pessoais faz com que haja uma relação pacífica entre as pessoas na atual sociedade pluralista em que vivemos.
Exatamente por causa do pluralismo, devemos esperar que haja discordâncias de opiniões, inclusive em assuntos de tratamento de saúde. Os conflitos sobre decisões quanto ao que e como tratar freqüentemente resultam de diferentes percepções dos fatos, emoções ou valores culturais e, naturalmente, religiosos da pessoa enferma. Quando o enfermo discorda por motivos religiosos do curso de tratamento proposto pelo médico, pode haver o conflito ético e moral entre as convicções do médico e as suas, sobretudo se o médico crê firmemente que o tratamento que está recomendando é melhor para o referido caso.
Porém, respeitar as convicções religiosas do paciente adulto e capaz equivale respeitar a autonomia e autodeterminação individual. O respeito à autodeterminação fundamenta-se no princípio da dignidade da natureza humana. (...) O respeitar a pessoa autônoma pressupõe a aceitação do pluralismo social (1).
A importância das crenças religiosas
Por ser inerente à natureza humana, sustentar convicções e crenças pessoais é reconhecidamente um direito humano fundamental. Sob o prisma dos direitos humanos, o fato está contemplado pelos princípios estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem, exarada em 10.12.1948, que expressamente estabelece no seu inciso XVIII: "Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular" (2).
A Constituição Federal protege este direito de todos os cidadãos. A liberdade de consciência e de religião "é, de per si, um dos direitos fundamentais", conforme está no 'caput' do art. 5º da Constituição em vigor. Mais do que isto, "é ela, para todos os que aceitam um direito superior ao positivo, um direito natural. É o mais alto de todos os direitos naturais. Realmente, é ele a principal especificação da natureza humana, que se distingue dos demais seres animais pela capacidade de autodeterminação consciente de sua vontade" (3).
Na questão de liberdade e direitos humanos fundamentais, o Concílio Vaticano II emitiu a Declaração sobre liberdade de religião, a qual proclama que todas as pessoas têm o direito fundamental à liberdade e uma inerente liberdade de não serem coagidas com dignidade humana. Devine indica que a questão de recusar um tratamento médico por causa de convicções religiosas está incorporada no princípio teológico destacado no Concílio Vaticano II. "a Declaração sobre Liberdade de Religião [promulgada] pelo [Concílio] Vaticano II, proclamou que todas as pessoas têm um direito fundamental à liberdade de religião e uma liberdade inerente da coerção, baseada na dignidade humana" (4).
No contexto da tomada de decisões relacionadas com o tratamento médico, Devine cita a obra Ethical and Religious Directives for Catholic Health Facilities, na qual bispos dizem que "o bem total para o paciente, que inclui seu mais elevado bem espiritual e físico, é a preocupação primária daqueles a quem se confiou a direção das instituições católicas de saúde". Em adição, Wreen (5) propôs que as razões religiosas para a recusa de tratamento são "especiais" e devem ser consideradas de modo diferente de outras razões oferecidas por pacientes. Em harmonia com Wreen, Orr e Genesen (6) escrevem que o que torna especiais os valores religiosos "é não somente o fato de que eles são partilhados por uma comunidade, mas, o que é mais importante, que eles são incorporados pelo indivíduo na sua pessoa. Os valores religiosos, portanto, são mais intrínsecos do que outros valores partilhados, porque eles tratam do próprio significado da vida".
O consentimento esclarecido
Para que o paciente tenha condições de decidir se um tratamento médico lhe é aceitável segundo o "seu próprio plano de vida (...), embasado em crenças, aspirações e valores próprios", ele precisa ser corretamente informado das intenções e recomendações de seu médico e ter uma visão clara de como tais recomendações afetam seus próprios valores. Então, é dada ao paciente a possibilidade de consentir ou não no tratamento proposto.
Segundo Segre (7), o consentimento esclarecido (ou informado) é uma expressão do "ato autônomo". Este ato é caracterizado como "uma decisão, e um ato, sem restrições internas ou externas, com tanta informação quanto o caso exige, e de acordo com a avaliação feita por uma pessoa no momento de tomar a decisão".
O consentimento esclarecido está na pauta das discussões sobre ética médica na atualidade e o propósito de se requerer este consentimento é o de promover a autonomia do indivíduo na tomada de decisões com relação a assuntos de saúde e tratamento médico. O direito de consentir ou recusar está baseado no princípio do respeito à autonomia. Para o consentimento ser uma autorização válida, ele deve ser baseado na compreensão e ser voluntário (8).
A doutrina do consentimento esclarecido é, na verdade, uma doutrina jurídica que apóia muitos dos nossos ideais sobre direitos individuais. Mas a ênfase indevida nas suas origens e funções jurídicas pode eclipsar o fato de que o consentimento esclarecido não é meramente um conceito jurídico, mas também _ e sobretudo _ ético e moral.
Na tomada de decisão em conjunto quanto a que tipo de tratamento um paciente receberá, ou se é que receberá algum tratamento, o papel do médico será o de explicar as várias opções de diagnóstico ou tratamento que existem para aquele caso e os riscos e benefícios de cada uma delas. Um "padrão subjetivo" requer do médico uma abordagem informativa apropriada a cada indivíduo (1). As informações partilhadas devem incluir _ mas não se limitar a _ objetivos diagnósticos e terapêuticos, os riscos envolvidos no procedimento, alternativas existentes e possibilidades de êxito do tratamento.
Até que ponto aplicam-se os princípios do consentimento esclarecido à recusa de tratamento médico por motivos religiosos? Meisel e Kuczewski escrevem que a abordagem descrita acima "é bastante apropriada para certos casos, tais como para as recusas de tratamento feitas por adultos capazes e baseadas em convicções religiosas" (9). Portanto, quando o processo de decisão é assim partilhado, o profissional de saúde age eticamente e demonstra respeito às crenças religiosas e demais valores de seu paciente.
Há várias religiões cujos princípios podem conflitar com alguma forma de tratamento médico ou com o tratamento médico em geral. O caso das Testemunhas de Jeová ilustra a aplicação dos princípios acima tratados.
Por uma questão de consciência religiosa as Testemunhas de Jeová recusam transfusões de sangue alogênico, mas não recusam o tratamento médico em geral. De acordo com Smalley, "provavelmente, o aspecto mais bem conhecido das crenças das Testemunhas de Jeová no campo da bioética é a posição delas quanto ao uso de sangue. Elas entendem que a Bíblia proíbe os cristãos de manterem sua vida por meio da utilização de transfusões de sangue... [Passagens bíblicas específicas] sustentam que o abster-se de sangue é moralmente tão importante para o cristão quanto o abster-se da idolatria ou da imoralidade sexual" (10).
No entanto, o entendimento religioso das Testemunhas não proíbe de modo absoluto o uso de componentes sangüíneos, como a albumina, as imunoglobulinas e os preparados para hemofílicos; cabe a cada Testemunha decidir individualmente se deve aceitar esse tipo de tratamento (11). Da mesma forma, a circulação extracorpórea e a hemodiálise são prontamente aceitas, desde que se use como primer soluções isentas de sangue (12).
Quão importante é esse assunto para as Testemunhas de Jeová? Elas admitem que "a questão (...) envolve os princípios mais fundamentais sobre os quais [as Testemunhas] baseiam suas vidas. A relação com seu Criador e Deus está em jogo" (13). As crenças das Testemunhas de Jeová _ que recusam transfusões de sangue por motivos religiosos ou médicos _ servem de fundamento para um sistema moral, para um conjunto de juízos deontológicos sobre o que se deve ou não fazer. Segundo este sistema, a recusa às transfusões constitui uma regra de conduta a ser observada, ainda que a sociedade a ignore ou menospreze.
O Código de Ética Médica
No entanto, tais posições podem gerar um conflito entre a consciência do paciente e a do médico. O artigo 56 do Código de Ética Médica muitas vezes tem sido citado para apoiar a idéia de que o médico pode desrespeitar as decisões feitas de antemão pelo paciente no que tange ao seu tratamento de saúde, e praticar um ato médico que o paciente considera impróprio para si, se o paciente estiver em iminente risco de vida.
A razão para essa desconsideração para com as crenças individuais, segundo alguns pensadores, seria a beneficência. Porém, Sprung e Eidelman escreveram que a "beneficência requer que o médico faça o que beneficiará o seu paciente, de acordo com a visão do paciente e não com a visão do médico"(14). Nesse sentido, portanto, o respeito à autonomia e a beneficência contribui harmoniosamente pelo bem-estar do paciente como um todo.
Segundo Cohen, o artigo 56 do Código de Ética Médica "seria menos conflitivo se fosse retirada a salvaguarda `salvo em iminente perigo de vida'. A vida é um valor absoluto e próprio do indivíduo, portanto ela deverá ser respeitada tanto frente ao iminente perigo de vida quanto nas decisões sobre saúde"(15).
Entretanto, por uma questão de lógica e ética, seria totalmente inadequado que o profissional de saúde, consciente ou inconscientemente, reagisse à recusa de um paciente no sentido de privá-lo de tratamento médico ou algo que lhe seja de direito receber.
Suicídio?
Para algumas pessoas, contudo, talvez seja difícil acatar a recusa de um tratamento médico com base em princípios religiosos, pois pode parecer um ato de suicídio e, naturalmente, o suicídio é algo que dificilmente será aceito pela sociedade e pela Medicina.
Garizábal escreveu que atribuir a idéia de suicídio aos casos de recusa de transfusões de sangue é fruto duma "confusão". Ele escreve: "O mero fato de recusar um tratamento não pode ser considerado como uma maneira de morrer. O suicida que deseja morrer (...) cumpre a decisão de acabar voluntariamente com a vida. Ao contrário, e por fidelidade à sua consciência, abster-se de usar um meio curativo não significa a intenção de matar-se. Sua vontade é outra" (16). Na verdade, ao escolher tratamento isento de sangue, as Testemunhas de Jeová não estão exercendo o direito de morrer, mas o direito de escolher a que tipo de tratamento se submeterão.
A nossa Unidade de Hematologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina _ UFSC procura conciliar o tratamento médico e o respeito às crenças religiosas dos pacientes, provendo-lhes um tratamento de qualidade dentro do que lhes é moralmente aceitável. Existem mais de 150 centros no mundo que empregam tratamento médico e cirúrgico sem transfusões de sangue. A forma de tratamento sem sangue constitui um desafio científico, como tantos outros, que tem impulsionado grandes avanços na área médica.
Watts também descreveu suas experiências com as Testemunhas de Jeová como altamente positivas. "Creio que tive benefícios com a experiência e que talvez tenha me tornado um cirurgião um pouco melhor"(17). Explicando que operou centenas de Testemunhas, incluindo cirurgias de esofagectomia e prostatectomia, acreditando que os pacientes se recuperaram melhor do que aqueles que foram transfundidos.
Conclusão
O respeito à autonomia do paciente deve estender-se aos seus valores religiosos. Tais valores não podem ser desconsiderados ou minimizados por outrem, sobretudo pelos profissionais de saúde, a despeito dos melhores e mais sinceros interesses destes profissionais. Certamente, os profissionais de saúde estarão agindo dentro dos limites da ética médica ao respeitar as crenças religiosas de seus pacientes, provendo-lhes tratamento médico compatível com tais crenças. Os valores religiosos podem ser uma força positiva para o conforto e recuperação do paciente se ele estiver seguro de que seus valores serão respeitados.
Abstract _ Medical Ethics and Respect to Religious Faith
The respect to patient autonomy is extended to his/her religious values. Health professionals, in particular, in spite of their best, sincere interests cannot minimize or set these values apart. In addition, religious values may be a positive force for patients' comfort and recovery if they are sure that they will be respected.
Referências Bibliográficas
1. Fortes PAC. Reflexões sobre bioética e o consentimento esclarecido. Bioética 1994;2:129-35.
2. Nogueira STA. Caso clínico (comentários). Bioética 1996;4:97-105.
3. Ferreira Filho MG. Questões constitucionais e legais referentes a tratamento médico sem transfusão de sangue (parecer). Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 1994.
4. Devine RJ. Save the body, lose the soul. Health Prog 1989;Jun:68-72.
5. Wreen MJ. Autonomy, religious values, and refusal of lifesaving treatment. J Med Ethics 1991;17:124-30.
6. Orr RD, Genesen LB. Request for "inapropriate" treatment based on religious beliefs. J Med Ethics 1997;23:142-47.
7. Segre M. Situação ético-jurídica da Testemunha de Jeová e do médico e/ou instituição hospitalar que lhe presta atenções de saúde, face à recusa do paciente-religioso na aceitação de transfusões de sangue (parecer). São Paulo: Instituto Oscar Freire, 1991.
8. Cohen C, Marcolino JAM. Relação médico-paciente. In: Segre M, Cohen C. Bioética. São Paulo: EDUSP, 1995: 51-62.
9. Meisel A, Kuczewski M. Legal and ethical myths about informed consent. Arch Intern Med 1996;156:2521-6.

Testemunhas de Jeová - O desafio cirúrgico/ético


Testemunhas de Jeová
O desafio cirúrgico/ético



OS MÉDICOS enfrentam um crescente desafio, que veio a ser uma grande questão em debate sobre a saúde. Há mais de meio milhão de Testemunhas de Jeová nos Estados Unidos [mais de 250.000 no Brasil] que não aceitam transfusões de sangue. O número de Testemunhas, e dos que se associam com elas, vem aumentando. Embora, antigamente, muitos médicos e autoridades hospitalares considerassem a recusa de uma transfusão um problema jurídico e procurassem obter autorização judicial para administrar o tratamento que achavam ser clinicamente aconselhável, recentes publicações médicas revelam que tem havido apreciável mudança de atitude. Tal se deve possivelmente à maior experiência no campo da cirurgia em pacientes com taxa muito baixa de hemoglobina, e pode ser que reflita também a crescente percepção do princípio legal de consentimento conscientizado.
Hoje, grande número de casos de cirurgia eletiva e de traumatismo, que envolvem Testemunhas, tanto adultas como menores de idade, estão sendo atendidos com bom êxito sem transfusões de sangue. Recentemente, representantes das Testemunhas de Jeová reuniram-se com equipes cirúrgicas e administrativas em alguns dos maiores centros médicos dos Estados Unidos. Estas reuniões melhoraram o entendimento e ajudaram a solucionar questões sobre o reaproveitamento de sangue, transplantes e a questão de evitar o confronto médico/legal.
Nos últimos anos, temos presenciado sensível progresso no exercício da Ética Médica no Brasil, a exemplo do que ocorre em outros países, no que se refere a maior apreciação do conceito social, médico, jurídico e moral da autonomia do paciente. As Testemunhas de Jeová apreciam observar este progresso, e crêem que uma relação mais franca e aberta entre o paciente e o seu médico promove o respeito mútuo a dignidade e aos valores pessoais de cada um.

A escolha de tratamento médico isento de sangue total ou seus componentes primários, feito pelas Testemunhas de Jeová, motivadas por suas convicções religiosas, é eminentemente um exercício de sua autonomia como paciente. Em vista das inúmeras alternativas médicas ao sangue hoje disponíveis, autoridades médicas de vários países têm se pronunciado em favor do respeito a escolha de tratamento médico feito pelas Testemunhas de Jeová, bem como de outros pacientes que por outros motivos escolhem tal tipo de tratamento.

O respeito à autonomia do paciente estende-se aos seus valores religiosos. Tais valores não
podem ser desconsiderados ou minimizados por outrem, em particular pelos profissionais de saúde,
a despeito dos melhores e mais sinceros interesses destes. Ademais, os valores
religiosos podem ser uma força positiva para o conforto e a recuperação do paciente se ele
estiver seguro de que os mesmos serão respeitados.
UNITERMOS _ Valores, respeito às crenças, autodeterminação

sábado, 10 de abril de 2010



Jeová dá poder ao cansado


“[Jeová] dá poder ao cansado; e faz abundar a plena força para aquele que está sem energia dinâmica.” — ISAÍAS 40:29.

JEOVÁ tem poder ilimitado. E quanta energia dinâmica têm as coisas que ele criou! O pequeníssimo átomo — o próprio bloco de construção de todas as coisas — é tão pequeno, que uma única gota de água contém cem quintilhões de átomos. Toda a vida no nosso globo depende da energia gerada pelas reações atômicas no Sol. Mas, de quanta energia solar se precisa para sustentar a vida na Terra? A Terra recebe apenas alguns bilionésimos da energia produzida pelo Sol. Apesar disso, “a pequeníssima fração de energia do Sol que atinge a Terra . . . é cerca de 100.000 vezes maior do que toda a energia usada nas indústrias do mundo”.
Quer consideremos o átomo, quer fixemos a atenção no vasto Universo, ficamos impressionados com o espantoso poder de Jeová.
Não é de admirar que ele tenha dito: “Levantai ao alto os vossos olhos e vede. Quem criou estas coisas? Foi Aquele que faz sair o exército delas até mesmo por número, chamando a todas elas por nome. Devido à abundância de energia dinâmica, sendo ele também vigoroso em poder, não falta nem sequer uma delas”! (Isaías 40:26)
Deveras, Jeová é “vigoroso em poder” e é a Fonte da “energia dinâmica” usada para criar todo o Universo.
É preciso mais do que poder normal
Ao passo que o poder de Deus não tem limites, os humanos se cansam. Aonde quer que vamos, vemos pessoas cansadas. Despertam cansadas, vão cansadas ao trabalho ou à escola, voltam para casa cansadas, e vão dormir não só cansadas, mas esgotadas. Alguns gostariam de poder ir a algum lugar e obter um muito necessitado descanso. Nós, como servos de Jeová, também nos cansamos, porque nossa vida de devoção piedosa requer esforço vigoroso. (Marcos 6:30, 31; Lucas 13:24; 1 Timóteo 4:8) E há muitos outros fatores que esgotam nossa energia.
Embora sejamos cristãos, não somos imunes aos problemas sofridos pelas pessoas em geral. (Jó 14:1) Doenças, reveses econômicos ou outras dificuldades, comuns na vida, podem causar desânimo, com seus efeitos enfraquecedores. Além desses desafios, há as provações peculiares aos perseguidos pela causa da justiça.
Por causa das pressões diárias do mundo e da oposição à nossa pregação do Reino, alguns de nós talvez fiquemos tão fatigados que temos vontade de diminuir o passo no serviço de Jeová. Além disso, Satanás, o Diabo, no empenho de quebrantar nossa integridade para com Deus, usa todos os meios à sua disposição.
Então, como podemos conseguir a força espiritual necessária para não nos esgotar e parar?
Para termos força espiritual, temos de confiar em Jeová, o Criador todo-poderoso. O apóstolo Paulo salientou que o ministério cristão requer mais do que o poder normal de humanos imperfeitos. Ele escreveu: “Temos este tesouro em vasos de barro, para que o poder além do normal seja o de Deus e não o de nós mesmos.” (2 Coríntios 4:7)
Visto que nós, humanos imperfeitos, realizamos a obra de Deus em face de perseguição, não podemos fazê-la apenas com a nossa própria força. Jeová nos ajuda por meio do seu espírito santo, e assim a nossa fraqueza magnífica o seu poder. E como nos consola a garantia de que “Jeová estará sustentando os justos”! — Salmo 37:17.
‘Jeová é nossa energia vital’
Nosso Pai celestial é “vigoroso em poder” e pode facilmente revigorar-nos.
Deveras, diz-se-nos: “[Jeová] dá poder ao cansado; e faz abundar a plena força para aquele que está sem energia dinâmica. Rapazes tanto se cansarão como se fatigarão e os próprios jovens sem falta tropeçarão, mas os que esperam em Jeová recuperarão poder. Ascenderão com asas quais águias. Correrão e não se fatigarão; andarão e não se cansarão.” (Isaías 40:29-31)
Por causa das crescentes pressões, às vezes talvez nos sintamos como um corredor esgotado, cujas pernas parecem não aguentar mais. Mas a linha de chegada na corrida da vida está logo à frente, e não devemos desistir. (2 Crônicas 29:11)
Nosso Adversário, o Diabo, anda em volta “como leão que ruge”, e ele quer que desistamos. Devemos lembrar-nos de que ‘Jeová é a nossa força e o nosso escudo’ e que ele tem feito provisões abundantes para ‘dar poder ao cansado’. — Salmo 28:7.
Jeová deu a Davi a força necessária para prosseguir mesmo em face de grandes obstáculos. Por isso, Davi escreveu com plena fé e confiança: “Por Deus ganharemos energia vital, e ele mesmo calcará os nossos adversários.” (Salmo 60:12)
Jeová deu também energia a Habacuque para que completasse sua designação como profeta. Diz Habacuque 3:19: “Jeová, o Soberano Senhor, é minha energia vital; e ele fará os meus pés semelhantes aos das corças e me fará pisar nos meus altos.” Digno de nota é também o exemplo de Paulo, que escreveu: “Para todas as coisas tenho força em virtude [de Deus] que me confere poder.” — Filipenses 4:13.
Fortalecidos pelo nosso ministério de campo
A participação regular na pregação do Reino fortalece-nos espiritualmente. Essa atividade ajuda-nos a enfocar o Reino de Deus, e visar a eternidade e suas perspectivas benditas. (Judas 20, 21) As promessas bíblicas de que falamos no nosso ministério dão-nos esperança e podem tornar-nos tão resolutos como o profeta Miquéias, que disse: “Andaremos no nome de Jeová, nosso Deus, por tempo indefinido, para todo o sempre.” — Miquéias 4:5.
Nosso relacionamento com Jeová é fortalecido ao passo que fazemos mais uso das Escrituras quando ensinamos outros. Por exemplo, quando se dirigem estudos bíblicos domiciliares com a ajuda do livro Conhecimento Que Conduz à Vida Eterna, é sábio ler e considerar vários dos textos bíblicos mencionados. Isso ajuda o estudante e fortalece nossa compreensão espiritual. Se um estudante tiver dificuldades de entender um conceito bíblico ou uma ilustração, pode-se usar mais de uma sessão de estudo para abranger um único capítulo do livro Conhecimento. Que prazer temos em nos preparar bem e fazer um esforço extra para ajudar outros a se achegar a Deus!
Cada ano usa-se o livro Conhecimento eficazmente para ajudar milhares a se tornarem servos dedicados de Jeová, e isso inclui muitos que não tinham antes nenhum conhecimento bíblico. Por exemplo, um homem hindu, em Sri Lanka, quando ainda era menino, ouviu uma Testemunha falar do Paraíso. Anos mais tarde, procurou-a, e logo depois, o marido dela começou a dirigir um estudo bíblico com ele. Na realidade, o jovem estudava todo dia e terminou o estudo do livro Conhecimento num tempo relativamente curto. Ele começou a assistir a todas as reuniões, cortou os laços com a religião anterior e tornou-se publicador do Reino. Quando foi batizado, já estava dirigindo um estudo bíblico domiciliar com um conhecido.
Buscarmos primeiro o Reino nos dá alegria que fortalece. (Mateus 6:33) Embora passemos por várias provações, continuamos de modo feliz e zeloso a proclamar as boas novas. (Tito 2:14) Muitos de nós cumprimos os requisitos para ser pioneiros de tempo integral e alguns servem onde há mais necessidade de evangelizadores. Não importa se promovemos alegremente os interesses do Reino dessas ou de outras maneiras, confiamos em que Jeová não se esquecerá de nossa obra e do amor que mostramos ao seu nome. — Hebreus 6:10-12.
Prossiga na força de Jeová
Demonstremos de todos os modos que nossa esperança é Jeová e que recorremos a ele em busca de força. Podemos fazer isso por aproveitarmos plenamente as provisões espirituais feitas por ele por meio do “escravo fiel”. (Mateus 24:45) O estudo em particular ou na congregação da Palavra de Deus com a ajuda de publicações cristãs, a oração feita de coração, a ajuda espiritual dos anciãos, o excelente exemplo de concrentes fiéis e a participação regular no ministério, são parte das provisões que fortalecem nosso relacionamento com Jeová e nos habilitam a continuar no seu serviço sagrado.
Apesar de nossas fraquezas humanas, Jeová nos fortalecerá para fazermos a sua vontade se confiarmos na ajuda dele. Apercebido da necessidade de tal ajuda, o apóstolo Pedro escreveu: “Se alguém ministrar, ministre ele como dependente da força que Deus fornece.” (1 Pedro 4:11) E Paulo mostrou a sua confiança na força dada por Deus quando disse: “Tenho prazer em fraquezas, em insultos, em necessidades, em perseguições e dificuldades, por Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou poderoso.” (2 Coríntios 12:10) Podemos mostrar a mesma convicção e dar glória ao Soberano Senhor Jeová, que dá poder ao cansado. — Isaías 12:2.


Tenha a coragem de admitir um erro

“TODOS nós tropeçamos muitas vezes. Se alguém não tropeçar em palavra, este é homem perfeito, capaz de refrear também todo o seu corpo.” Assim escreveu um cristão destacado, em Jerusalém, há mais de dezenove séculos atrás. Podem-se negar as suas palavras? Claro que não! — Tia. 3:2.
“Tropeçar” é apenas outra palavra para “errar”. E embora todos cometamos erros, quão difícil é admitir isso! Fere o orgulho da pessoa. Quando alguém é acusado de ter errado, ele tem a tendência de justificar-se, de apresentar desculpas, de culpar outros ou de negar ter errado. Requer coragem admitir um erro, arcar com a responsabilidade, admitir ter errado ou ter-se enganado.
Às vezes, os jovens têm uma queixa válida contra seu pai neste respeito. Alguns desses disseram certa vez. “Gostamos de papai; claro que sim. Mas quando temos uma discussão, ele nunca, mas nunca mesmo, admite ter errado ou ter cometido um engano. Ora, todos cometem erros, alguma vez!”
Este papai talvez pensasse que, para manter a sua autoridade, nunca devia admitir ter errado ou ter-se enganado. Qualquer que tenha sido seu argumento, sua atitude não fomentou a comunicação e a harmonia na família. Por adotar este proceder irrefletido, em vez de fortalecer sua autoridade, rebaixava-se aos olhos dos filhos. Se às vezes tivesse admitido que se enganara, teria mostrado que tinha coragem de assumir a responsabilidade pelo erro!
Negar-se a admitir que se tenha errado é como que reivindicar a infalibilidade. Os chefes da maior organização religiosa do mundo, já por um século, têm afirmado ser infalíveis, não cometer erros — ou que qualquer papa os tenha cometido alguma vez — ao falar oficialmente sobre questões de doutrina e de moral. Mas dentro da mesma organização religiosa são cada vez mais as vozes levantadas para questionar esta afirmação. Neste respeito, o bispo católico romano F. Simons, de Indore, na Índia, declarou:
“Quando a igreja, embora de boa fé, ultrapassa o testemunho apostólico a respeito de Cristo, ela não tem direito de esperar que possa ensinar tais conceitos adicionais com certeza inerrante. Os próprios Apóstolos, ao exigirem fé, apelavam para a evidência, para o que tinham ouvido e visto. . . . Tampouco há qualquer promessa ou garantia divina de que a igreja tenha recebido tal dom, em virtude do qual possa ter certeza a respeito de Cristo, independente do conteúdo assegurado do testemunho apostólico. Assim que ela se afasta do alicerce seguro lançado pelos Apóstolos, está sujeita à ignorância e aos erros de sua era, o que se aplica, conforme a experiência tem demonstrado, até mesmo ao seu entendimento das escrituras.
“A afirmação de infalibilidade causa incalculável dano à credibilidade da autoridade instrutora da igreja. Restringe indevidamente sua capacidade de aceitar evidência nova e a torna vítima e defensora dos erros passados.’ — Commonweal, 25 de setembro de 1970, págs. 480, 481.
Em nítido contraste com a atitude adotada pelos papas encontra-se a das testemunhas cristãs de Jeová. Estas realmente admitem que cometeram erros quanto a doutrinas e à adoração. Neste respeito, por um tempo, junto com a cristandade, celebravam o Natal, até saberem de sua origem pagã. Também, visto que Romanos 13:1 tinha sido interpretado como significando que os governos do mundo devem receber obediência incondicional, as Testemunhas interpretavam as ‘potestades superiores’ ou as “autoridades superiores”, mencionadas ali, como referindo-se a Jeová Deus e Jesus Cristo. Entretanto, um exame mais detido do texto circundante revela que Romanos 13:1 refere-se mesmo aos governos políticos deste mundo. Mas, ao se comparar este texto com outros, tais como Atos 5:29, que diz: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens”, viu-se que a “sujeição” mencionada em Romanos 13:1 deve ser uma sujeição relativa, não incondicional. Quer dizer, os cristãos devem estar sujeitos aos governos deste mundo, enquanto estes não exijam dos cristãos violar as leis de Deus. Quando tais governos fazem isso, então o cristão precisa obedecer à lei superior. — Atos 4:19, 20.
Será que esta admissão, de ter errado, as caracteriza como falsos profetas? De modo algum, pois os falsos profetas não admitem cometer erros. De fato, o livro de Atos fornece mais de um exemplo de os primitivos cristãos terem errado quanto às suas crenças e terem de ser retificados, mas eles são mencionados com aprovação na Palavra de Deus. Tudo isto está em harmonia com o princípio bíblico de que “a vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido”. — Pro. 4:18.
Em vista de tais exemplos, por que deve ser tão difícil alguém admitir ter errado? Nenhum homem sabe tudo; todos continuamos a aprender. Cometemos erros vez após vez, por falta de conhecimento suficiente. Ou talvez erremos porque nos deixamos vencer pelas nossas emoções; talvez tenhamos permitido que algum preconceito ou a vaidade ferida nos fizesse reagir sem primeiro usarmos a faculdade de raciocínio para avaliar as conseqüências de nossas palavras ou ações. — Pro. 5:1, 2.
Estar disposto a admitir um erro é o proceder certo, pois deixa a consciência limpa. Evita que fiquemos na defensiva ou que tentemos justificar nossos erros por dizer: “Ninguém é perfeito.”
Ter a coragem de admitir um erro também é sábio. Assim como se notou no caso dos filhos que se queixaram de que seu papai nunca admitia um erro, se admitirmos cometer erros estabelecemos relações melhores com os outros, quer sejam colegas, quer nossos superiores ou nossos inferiores — falando-se em sentido de organização. E por admitirmos um erro, gravar-se-á isso na nossa mente, de modo que será menos provável que repitamos este erro, nem que seja só por causa da humilhação sofrida.
Portanto, tenha coragem. Tenha a coragem de admitir um erro. Esteja disposto a dizer: “Sim, tem razão. Cometi um erro e lamento isso.” Daí, esforce-se de não o repetir.


Os Jovens Perguntam . . .

Como devo tratar uma jovem que se interessa por mim?

“Susan deu o primeiro passo, e isso não foi nenhum problema para mim. No meu caso deu certo.” — James.
“Se um homem não for honesto ao lidar com as mulheres, os resultados poderão ser desastrosos.” — Roberto.
UMA jovem disse recentemente que queria perguntar-lhe algo. Vocês geralmente se vêem em grupos de amigos, e é divertido conversar com ela e fazer coisas juntos. Mas o que ela disse o deixou perplexo. Ela tem interesse romântico por você e quer saber se você corresponde.
Talvez isso o deixe surpreso, se na sua opinião é o homem quem deve pedir a mulher em namoro. Embora geralmente seja assim, lembre-se de que ela não está violando nenhum princípio bíblico por dar o primeiro passo. Esse fato talvez o ajude a reagir da maneira correta.
Depois de pensar no assunto, você talvez chegue à conclusão de que é muito novo para namorar ou que no momento não se sente atraído a essa jovem. Pode ser também que se sinta culpado, imaginando se de algum modo deu a ela uma impressão errada. O que fazer? Primeiro, deve levar em conta os sentimentos dela.
Tenha consideração pelos sentimentos dela
Pense no que se passa com uma jovem nessa situação. Ansiosa para causar uma boa impressão, ela talvez tenha ensaiado por dias o que ia dizer a você. Depois de combinar as palavras certas com o sorriso certo, ela sofreu ao pensar na possibilidade de você dizer não. Finalmente criou coragem, venceu o nervosismo e disse a você o que tinha no coração.
Por que ela se colocou nessa situação desafiadora? Talvez tenha uma paixão passageira por você. Ou talvez admire excelentes qualidades suas de um modo que poucas pessoas fazem. Assim, as palavras dela provavelmente foram um tipo de elogio que você não recebe todos os dias.
Esses pontos foram incluídos aqui, não para influenciar sua decisão, mas para lembrá-lo de ser gentil. Uma jovem chamada Julie diz: “Mesmo que não sinta nada por ela, o homem deve sentir-se lisonjeado de que alguém reparou nele. Por isso, em vez de simplesmente dizer não, ele deve pelo menos ser agradável e dizer a ela com jeito que não está interessado.” Vamos supor no momento que você pretende fazer exatamente isso — achar uma maneira bondosa de dizer não.
E se no passado você a rejeitou? Agora talvez se sinta tentado a responder de modo grosseiro. Resista a essa tentação. Provérbios 12:18 diz: “Existe aquele que fala irrefletidamente como que com as estocadas duma espada, mas a língua dos sábios é uma cura.” Como você fala com “a língua dos sábios”?
Você pode simplesmente agradecê-la por ter expressado seus sentimentos e por ter você em tão alta estima. Peça desculpas por ter dado uma impressão errada, mesmo que tenha sido sem querer. Diga de modo claro, porém bondoso, que não corresponde aos sentimentos dela. Se ela não entender sua resposta e você tiver de falar de modo mais firme, ainda assim deve evitar um tom de voz ríspido e palavras duras. Você está lidando com os sentimentos delicados dela; por isso, seja paciente. Se você estivesse no lugar dela, não gostaria que ela o tratasse de modo gentil?
No entanto, talvez ela insista que você a iludiu de propósito. Pode ser que ela mencione certas ações de sua parte que mexeram com os sentimentos dela. ‘Lembra-se de quando você me deu aquela flor?’, ela talvez diga. Ou: ‘E aquilo que me disse enquanto caminhávamos juntos no mês passado?’ Agora é hora de você fazer uma auto-análise sincera.
Encare a realidade
No passado, os exploradores muitas vezes consideravam as terras que descobriam como objetos de conquista e exploração, e é assim que alguns homens consideram as mulheres hoje em dia. Gostam de relacionamentos românticos, mas não querem ter a responsabilidade do casamento. Sem se comprometerem, eles tentam conquistar as mulheres brincando com os sentimentos delas. Um homem que age assim ganha a afeição da mulher iludindo-a. Um ancião cristão diz: “Alguns rapazes vão de uma jovem para outra. Não é justo brincar assim com as emoções de uma mulher.” Em que resulta esse egoísmo?
“Igual a um louco que atira projéteis ardentes, flechas e morte, assim é o homem que logrou seu próximo e que disse: ‘Não me diverti?’” (Provérbios 26:18, 19) Quando um homem se envolve com uma mulher por motivos egoístas, ela por fim perceberá a verdadeira motivação dele. Então, o fato de ter sido enganada pode machucá-la profundamente, como mostra o caso a seguir.
Certo jovem se envolveu num relacionamento romântico, mas não tinha intenção de se casar com a jovem. Ele a levava a restaurantes finos e a festas. Ele gostava da companhia dela, e ela gostava da atenção dele e achava que ele a estava conhecendo com o interesse de se casar com ela. Quando descobriu que o interesse dele era simplesmente social, ela ficou muito magoada.
O que fazer se, mesmo sem querer, você tiver dado uma impressão errada à jovem que acabou de falar com você? Ficar na defensiva e tentar se justificar só vai fazê-la sentir-se amargurada. Considere este princípio bíblico: “Quem encobre as suas transgressões não será bem sucedido, mas, ter-se-á misericórdia com aquele que as confessa e abandona.” (Provérbios 28:13) Por isso, seja sincero e reconheça sua parcela de responsabilidade em qualquer mal-entendido. E se você intencionalmente brincou com os sentimentos dela, reconheça que cometeu um erro sério. Peça desculpas sinceras.
Não espere, porém, que seu pedido de desculpas seja o fim do assunto. Talvez a jovem fique com raiva de você por algum tempo. Pode ser que você tenha de explicar seu comportamento aos pais dela. Além disso, poderá enfrentar outras conseqüências. Gálatas 6:7 diz: “O que o homem semear, isso também ceifará.” Mas por pedir desculpas e fazer o que puder para corrigir o erro, você vai ajudá-la a continuar levando a vida. E vai aprender, com essa situação, a ‘resguardar seus lábios de falar engano’ em todos os assuntos da vida, incluindo os que envolvem o sexo oposto. — Salmo 34:13.
Pense bem antes de responder
Mas e se você quiser mesmo conhecê-la melhor? Se esse for o caso, tenha em mente que o namoro não é apenas uma forma de se divertir. Os fortes sentimentos que um casal desenvolve no namoro devem levá-los ao compromisso do casamento. Depois de se casarem, esses sentimentos ajudam a uni-los como marido e mulher. Sabendo disso, como deve agir agora?
Depois de pensar nessa jovem, talvez você perceba que ela é atraente em vários aspectos. Ela lhe abriu uma porta, e você quer mantê-la aberta. Mas em vez de começar um namoro precipitadamente, tome medidas agora para proteger vocês dois de sofrimento futuro.
Depois de algum tempo, você talvez queira conversar com pessoas maduras que a conhecem. Sugira a ela que faça o mesmo com alguns que conhecem você. Cada um deve perguntar a esses quais são, na opinião deles, as boas qualidades, bem como as fraquezas, da outra pessoa. Você também pode pedir a opinião dos anciãos cristãos. É bom saber se a pessoa por quem você se sente atraído tem uma boa reputação na congregação cristã.
Mas você talvez diga: ‘Por que outras pessoas deveriam ficar tão envolvidas em minha vida particular?’ A verdade é que, mesmo num assunto tão pessoal como o namoro, é sábio obter a opinião de outras pessoas. Na realidade, isso é bíblico, pois Provérbios 15:22 diz: “Na multidão de conselheiros há consecução.” Os adultos com quem você conversar não tomarão uma decisão por você. Mas o “conselho da alma” dado por eles talvez revele características da outra pessoa, e de você mesmo, que você não percebe. — Provérbios 27:9.
Foi isso o que James, citado no início, fez. Embora morasse sozinho, ele conversou com seus pais sobre Susan. Daí, ele e Susan trocaram entre si nomes de pessoas maduras que poderiam dar opinião sobre a perspectiva deles como casal. Depois de ouvirem boas coisas um do outro, James e Susan começaram a namorar para ver se o casamento seria possível. Se você fizer o mesmo antes de ficar muito envolvido emocionalmente, se sentirá muito mais seguro com a decisão que finalmente tomar.
Acima de tudo, ore a Jeová. Visto que o namoro é um passo para o casamento, peça a Deus que o ajude a ver se o relacionamento com a jovem pode conduzir a esse objetivo. Mais importante ainda, peça a Deus que os ajude a tomar decisões que os achegarão mais a ele. Só assim os dois terão verdadeira felicidade.

Os Jovens Perguntam . . .
Que dano há em flertar?
“SARA! Sara!”, sussurra o rapaz sentado algumas fileiras mais para trás. “Venha sentar-se aqui comigo!” A cada cinco minutos, ele repete seu apelo — mas em vão. Para Sara, as tentativas do rapaz de namoricar com ela na sala de aula não passam de uma irritação diária.
A jovem Jenifer ainda não tem idade para cursar a escola secundária, mas ela relata: “Os rapazes dizem coisas de significado dúbio e agem dum modo que não indica simples amizade.” “E o jeito de eles nos olharem!”, acrescenta Érica. “Eles olham para você com aquele grande sorriso sonso, e não se sabe onde conseguem aquela voz realmente grave — isso me faz rir. Aí eles chegam bem perto de você.” Os rapazes também ficam muitas vezes expostos ao flerte ou namorico. Relata o adolescente João: “As garotas [da escola] tentam chegar perto e tocar em você, pondo os braços em seus ombros. Elas surgem nos corredores e tentam abraçá-lo.”
Muitos jovens, admitidamente, parecem gostar dessa atenção. “É divertido”, declarou uma jovem chamada Catarina que incentiva olhares lascivos por se vestir de forma insinuante. Muitos jovens também apreciam distribuir atenções. “Sou uma jovem que gosta de flertar com todos os rapazes — quer eu goste deles, quer não”, escreveu uma moça à revista ’Teen. “O flerte me faz sentir mais confiante e mais charmosa.”
Como, então, deve um jovem cristão encarar o flerte? Trata-se apenas de um divertimento inocente, de uma fase inevitável na trilha do amor? Ou existem reais perigos a serem evitados?
O Que Está Envolvido no Flerte
Originário da língua inglesa, o termo flertar (ou namoricar) não é a mesma coisa que a atenção legítima que um homem talvez dê a uma mulher (ou vice-versa) nos estágios iniciais do namoro sério. Antes, significa “comportar-se amorosamente [romanticamente] sem sérias intenções”. Os franceses chamam a mulher que se comporta desta maneira de coquette.
Não é tão fácil, porém, apontar o que constitui exatamente um flerte. O flerte pode envolver um olhar, um toque, o tom da voz, um sorriso enigmático — até o modo de a pessoa se vestir, de ficar de pé ou se portar. Ao passo que pode ser difícil definir o flerte, este, contudo, geralmente é bem fácil de identificar quando a pessoa é o objeto visado. Em todo caso, se a pessoa simplesmente for jovem demais para pensar em casar-se, o coquetismo ou o flerte é um comportamento bem arriscado!
“Divertimento” Perigoso?
Não que seja errado, em si, sentir-se atraído por alguém do sexo oposto. Deveras, na “flor da juventude”, é somente natural que tais sentimentos sejam fortes; foi assim que o Criador nos fez. (1 Coríntios 7:36) Talvez você fique imaginando quão atraente é; o flerte pode parecer-lhe uma maneira inofensiva de descobri-lo. A revista ’Teen até mesmo incentivou as jovens a flertar, declarando: “O Flerte Pode Ser Divertido!” O artigo em pauta fornecia instruções pormenorizadas sobre a arte de flertar.
Mas, o simples fato de que o flerte possa ser chamado de divertimento não o torna proveitoso nem saudável. Considere a atitude de Jó, um homem justo. Ele, certa vez, disse: “Concluí um pacto com os meus olhos. Portanto, como poderia mostrar-me atento a uma virgem?” (Jó 31:1, 9-11) Efetivamente, Jó firmou um contrato consigo mesmo de que controlaria seus olhos e jamais olharia, num flerte, para uma mulher não casada. Por quê? Porque Jó era casado. Namoricar teria sido inapropriado e desleal para com sua esposa. No mínimo, poderia ter suscitado desejos errados e expectativas incorretas. Por conseguinte, Jó evitava o flerte.
Bem, você não é casado(a). Mas, refletindo bem, será que você possui um motivo mais legítimo de mostrar-se mui atencioso para com determinado membro do sexo oposto do que Jó possuía? Afinal de contas, se ainda não tem idade suficiente para casar-se, qual seria o objetivo disso? O que faria se ele ou ela lhe correspondesse? Está realmente em condições de conduzir um relacionamento ao seu objetivo lógico — o casamento? Se não está, o flerte não resultará em nada, senão em frustração.
Elevar Sua Auto-estima
Muitas vezes, porém, o envolvimento romântico é a última coisa que passa pela mente de quem namorica. Ele, ou ela, talvez encare obter as atenções do sexo oposto como uma espécie de jogo ou esporte. Uma jovem cristã chamada Maria, por exemplo, estava bem cônscia da ordem da Bíblia de não se envolver romanticamente com um incrédulo. (2 Coríntios 6:14) Mas ela erroneamente acreditava que não havia nenhum mal em namoricar os rapazes da sua escola. “Assim que eu obtinha a atenção deles”, ela explica prontamente, “isso era o fim de tudo. Chega-se ao ponto em que eles a convidam para sair, e é ali que você pára”. Mas será ali que eles param?
A escritora Kathy McCoy comentou num artigo para a revista Seventeen: “Os participantes de jogos sexuais são, não raro, pessoas dotadas de pouca auto-estima, que tentam nutrir bons sentimentos sobre si mesmas através das atenções e da admiração de outros.” Conseguir resposta a um olhar ou a um toque sedutor pode deveras elevar sua auto-estima — mas apenas temporariamente. Ademais Paulo, um escritor bíblico, ao considerar o verdadeiro amor, a terna afeição e a unidade cristã, avisou os cristãos de que não fizessem ‘nada por egotismo’, ou por “vaidade pessoal”, como certa tradução se expressa. — Filipenses 2:1-3; The New English Bible.
Existem meios muito mais eficazes e duradouros de edificar sua auto-estima do que brincar com os sentimentos dos outros. Por que não tenta edificar “o homem interior”, ou a pessoa que você é no íntimo? — 2 Coríntios 4:16, A Bíblia de Jerusalém.
‘Atirar Projéteis Ardentes’
Um artigo da revista Seventeen aponta ainda outro perigo, dizendo: “O difícil no flerte é que ele significa coisas diferentes para pessoas diferentes, e, às vezes, pode-se entender errado os significados — resultando em sentimentos feridos.”
Sim, os jovens muitas vezes ingenuamente subestimam os danos que o flerte pode causar aos sentimentos dos outros. É como diz um sábio provérbio: “Igual a um louco que atira projéteis ardentes, flechas e morte, assim é o homem que logrou seu próximo e que disse: ‘Não me diverti?’” (Provérbios 26:18, 19) O poder de influir nas emoções de outros é potencialmente letal. Como qualquer poder, tem de ser usado de forma cautelosa, responsável.
Flertar é enganoso, desorientador, desamoroso e não raro cruel. Pode tornar amargo um relacionamento potencialmente saudável e agradável. Pode diminuir seu valor aos olhos de outros. Pior ainda, pode levar ao envolvimento romântico prematuro, ou até mesmo à imoralidade sexual! A Bíblia avisa: “Pode um homem juntar fogo no seu seio sem se queimarem as suas vestes?” — Provérbios 6:27.
‘Quero que as Pessoas Gostem de Mim’
Por certo, é apenas natural desejar ser apreciado. E pode parecer-lhe que flertar é deveras divertido e que aqueles que sabem exibir todo o seu charme são os que possuem mais amigos. Mas, será que quem flerta realmente trava amizades genuínas e duradouras? Dificilmente. Na verdade, alguns talvez gostem de quem flerta enquanto as atenções estiverem voltadas para si. Mas quando as atenções subitamente se desviarem para outra pessoa, geralmente se sentem bem desgostosos com quem flerta.
Não é surpreendente, então, que em uma pesquisa feita entre moças adolescentes, 80 por cento julgaram que a “natureza propensa ao flerte”, por parte dum rapaz, “não tinha mérito algum”. Como diz um antigo provérbio: “A pessoa cruel traz banimento ao seu próprio organismo.” — Provérbios 11:17.
Relacionamentos Saudáveis
É verdade que nem sempre é fácil atingir o equilíbrio correto ao lidar com o sexo oposto. Uma adolescente chamada Kelly diz que ela “tem muita dificuldade em descobrir a diferença entre ser amigável e flertar”. Acrescenta ela: “Eu sou muito, muito amigável.”
Não há nada de errado em ser extrovertido. E não é necessário esconder-se numa concha ou aparentar ser uma pessoa fria. A habilidade de poder travar conversações edificantes e inteligentes talvez o ajude a fazer amigos. Ademais, a conversação franca é menos provável de ser mal-interpretada do que olhares inexplicáveis ou sorrisinhos acanhados do outro lado duma sala. Mas se você for amigável apenas com colegas do sexo oposto e virtualmente ignorar os outros, não poderiam alguns tirar conclusões erradas a seu respeito?
A chave é ‘não visar, em interesse pessoal, apenas os seus próprios assuntos, mas também, em interesse pessoal, os dos outros’ — sem considerar a idade ou o sexo. (Filipenses 2:4) Evite a linguagem, as roupas, o modo de arrumar-se ou as ações que poderiam ser encaradas como provocantes. (Compare com 1 Timóteo 2:9.) Se gozar da reputação de que demonstra genuíno interesse nas pessoas em geral, raramente a sua amabilidade será confundida com um gesto romântico. Por suas palavras e ações, você poderá enviar uma clara mensagem: ‘Não sou de flertar com ninguém!’

Revista Despertai 91 8/5 pp. 18-20

É o namoro realmente para mim? ***
Pergunte a si Mesmo

Será que minha personalidade e meu conceito sobre a vida estão plenamente desenvolvidos?

Não se restringindo simplesmente a relacionamento de rapaz com moça, poderá desfrutar muitos tipos diferentes de amizade. Notará que através desses ganhará a compostura necessária para se sentir à vontade com os do sexo oposto, sem a constante preocupação de ‘querer causar boa impressão’.
Poderá observar pessoas casadas e ver quais as qualidades que fazem de alguém uma “esposa capaz” ou um bom marido. Será mais fácil saber a espécie de cônjuge que você deseja, bem como visualizar claramente seu próprio papel no casamento. — Provérbios 31:10.

Será que desejo brincar com os sentimentos de outrem?

Mary Ann reconhecia que não estava preparada para o casamento. Portanto, ela perguntou a si mesma: “Será que só quero aprender a ‘como me comportar’ com os homens às custas dos sentimentos de outrem? Gostaria que alguém fizesse isso comigo?” Ela decidiu não fazer tal coisa. Mary Ann cria na regra dada por Jesus Cristo e procurava segui-la: “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles.” — Mateus 7:12.

Que dizem meus pais? Seus pais, sem dúvida, provaram seu amor e sua preocupação pelo seu bem-estar. Eles podem, muitas vezes, ver perigos que você, por estar emocionalmente envolvido, talvez não perceba.

Sabia que, segundo certa pesquisa que envolvia 14.552 adolescentes, quase 93 por cento dos pais destes não concordavam que seus filhos “saíssem regularmente para namorar”? Naturalmente, nem todos os pais são contra seus filhos saírem com alguém do sexo oposto, mas por que é que tantos são contra eles “saírem regularmente para namorar”? Seja lembrado que eles já foram jovens. Não será o caso de eles conhecerem os problemas reais que podem surgir quando um par de jovens passa muito tempo na companhia um do outro? É levando em consideração seu benefício que a Bíblia diz: “Filhos, sede obedientes aos vossos pais em união com o Senhor, . . . ‘para que te vá bem.’” — Efésios 6:1-3.

Desejo realmente seguir a moralidade da Bíblia? Não pode escapar da conclusão de que quanto mais estiver perto de pessoas do sexo oposto, tanto maior será seu desejo de ter relações sexuais. Por exemplo, Michelle, que começou a namorar na “flor da juventude”, reconheceu o seguinte: “Se estimular seu corpo sexualmente por estar na companhia íntima de um rapaz, a próxima vez que estiver com ele ficará estimulada com ainda maior rapidez. De fato, às vezes apenas um pequeno estímulo bastava para eu ficar sexualmente excitada. E é tão difícil de controlar.” Michelle não conseguiu controlar suas emoções e cometeu fornicação. Deseja pessoalmente evitar tal conduta? Lembre-se de que se brincar com aquilo que pode conduzir à imoralidade, poderá no fim ‘queimar-se’ emocional, física e espiritualmente. — 1 Tessalonicenses 4:3-8; Provérbios 6:27, 28.

O que desejo realmente na vida? Está você preparado, ou preparada, para os traumas emocionais que muitas vezes acompanham o namoro? Está preparado para as sérias responsabilidades do casamento e de cuidar de uma família? Deseja renunciar à relativa liberdade que tem agora para se prender emocionalmente e de outra forma? Poderá acabar sentindo como uma moça de dezesseis anos que disse: “Estou cansada e totalmente desgostada comigo mesma, com minha preocupação com rapazes e com namoro todo o tempo. Sei que há muitas outras coisas que vale a pena fazer, mas parece que caio neste laço vez após vez.”

Bem, Mary Ann não ‘caiu no laço do namoro’. Ela disse: “Quanto ao namoro, decidi não deixar-me influenciar pelas atitudes dos outros. Resolvi não namorar enquanto não tivesse idade suficiente, não estivesse preparada para me casar e enquanto não conhecesse alguém com qualidades que eu queria num esposo.”
Com o tempo, ela de fato encontrou um cristão maduro e é feliz no casamento já por mais de seis anos. “O que é interessante é que compreendi que não perdi nada com isso”, diz Mary Ann, agora com trinta e dois anos. “Minha vida tem sido e ainda é cheia e feliz. Nosso casamento só contribuiu para essa alegria.”

Portanto, seja honesto consigo mesmo. Considere seriamente o que é melhor e duradouro para seu bem-estar eterno, bem como para com o de outros. Embora muitos de seus colegas talvez namorem, jamais esqueça que requer verdadeira madureza emocional dizer: ‘Vou esperar até que eu esteja preparado(a) para o casamento antes de começar a namorar!’

Revista Despertai 82 22/12 pp. 14-15