sexta-feira, 5 de junho de 2009

Novas tecnologias mudam relação homem-trabalho


Novas tecnologias mudam relação homem-trabalho

Pelo menos uma ferramenta consegue reunir atualmente carreiras tão díspares como a medicina e a engenharia, a administração e a pesquisa científica, a física e o direito: o computador. Raras ocupações, pelo menos entre as mais valorizadas, estão hoje livres do contato com essas máquinas. No futuro, serão ainda menos. No ranking das dez profissões de nível superior que mais crescerão até 2012, nada menos do que sete exigem a manipulação de computadores. Analistas de redes e de dados lideram o ranking de expansão, segundo previsão do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos.

A própria compartimentação do trabalho em áreas delimitadas, aliás, está posta em xeque. "É uma tendência contemporânea que os trabalhos altamente qualificados encontrem-se mais integrados que no passado. Para as profissões de ponta, a cooperação tornou-se uma espécie de condição sem a qual o desenvolvimento de projetos inovadores fica prejudicado", observa Ruy Braga, professor de sociologia do trabalho da USP (Universidade de São Paulo).

Multidisciplinaridade, dizem os especialistas, é a palavra de ordem. Por isso, geneticistas costumam ser biólogos ou médicos de formação, mas matemáticos, estatísticos e engenheiros da computação são bem-vindos na área. "O novo profissional reúne muitas competências", resume a professora Regina Vasconcellos Antônio, do grupo de engenharia genômica da Universidade Federal de Santa Catarina.

O mesmo acontece na área de saúde, que comporta, em seus ramos mais "high-tech", físicos, especialistas em computação e engenheiros biomédicos. O coordenador-geral da disciplina de telemedicina da USP, Chau Lung Wen, define o trabalho em sua área como "a arte de reunir profissionais diferentes para atuar em conjunto usando tecnologia".

Neste especial a Folha selecionou seis "tecnoprofissões", cujo cotidiano difere muito do que se considera um trabalho "tradicional". São carreiras que lidam com realidade virtual, manipulação de átomos e genes, máquinas invisíveis a olho nu, robôs, imagens ultra-realistas do corpo humano, chaves criptográficas e fontes alternativas de energia.

Algumas dessas ocupações são promissoras; outras, por muito especializadas, mal absorvem a mão-de-obra que sai anualmente de graduações e, especialmente, de mestrados e doutorados.

Enquanto algumas profissões de ponta antecipam o que pode vir a se tornar banal daqui a 50 anos, como lidar com realidade virtual ou nanomáquinas, especialistas se esmeram em imaginar quais serão as ocupações do futuro, que ainda nem existem.

Os consultores de negócios Adam Hanft e Faith Popcorn imaginam o nascimento de funções como "designers de gráficos de explanação" (especialistas em facilitar a visualização da grande quantidade de dados do mundo moderno), "mordomos de tecnologia" ("personal trainers" de todo tipo de parafernália) e "especialistas em simplicidade" (capazes de tornar softwares e hardwares mais fáceis de domar), entre outras profissões.

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